A morte de uma idosa, de 74 anos, começou a ser investigada depois que um dos rins da mulher sumiu na rede pública de saúde do Distrito Federal. A denúncia foi realizada pela própria Secretaria de Saúde por meio de um laudo que constatou a falta do órgão. 

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Os parentes de Emídia Nunes Chavante Oliveira suspeitam de negligência médica e acreditam que a causa da morte seja diferente do que a informada, um dos motivos pelo qual foi instaurado um inquérito na Polícia Civil brasiliense. O corpo da idosa, que estava enterrado no Cemitério de Taguatinga, foi exumado pela corporação nesta terça-feira, 25, após decisão judicial.

Antes de morrer, na tarde de 31 de março, Emídia havia passado por hospitais e unidades de pronto-atendimento (UPA) por cinco dias. Ela se queixava de fortes dores na região da barriga e das costas, além de enjoo e tontura. Em 27 de março, esteve no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e, no dia seguinte, compareceu à UPA de Samambaia. No dia 29, retornou ao HRT, mas não foi atendida e voltou à UPA. Lá, foi diagnosticada por um médico com dor lombar e recebeu morfina. As informações foram divulgadas pelo Correio Braziliense

Segundo a família, em 30 de março, Emídia voltou ao HRT. Porém, a cada vez que passava por um hospital distinto, recebia diagnóstico e medicação diferentes. Na mesma data, a idosa foi avaliada pelos profissionais de saúde, que pediram uma tomografia computadorizada. 

Por volta de 1h de 31 de março, a idosa sofreu uma parada cardíaca, sendo reanimada após 28 minutos e colocada em ventilação mecânica. Momentos depois, a mulher sofreu outra parada cardíaca e morreu na unidade de ensino. 

Sobrinho de Emídia e advogado do caso, Kenneth Chavante, relatou ao Correio Brasiliense que, além da imprecisão da causa da morte, Emídia só foi levada ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) dois dias depois, pois o hospital não sabia precisar o motivo do óbito. 

“Eles falaram que ela morreu de infecção urinária, mas nada dos exames mostravam essa infecção a ponto de levar à morte. Quando ela foi para o SVO de Ceilândia, a médica fez o laudo e chamou a família, após constatar que ela estava sem um rim”, afirmou. 

Inquérito

Após a constatação da médica do SVO, os familiares levaram exames que comprovam que Emídia tinha dois rins. A profissional de saúde descartou, ainda, agenesia renal (quando a pessoa nasce só com um rim) e atrofia.

“A família mandou enterrar, mas levamos o caso à delegacia. Percebemos que, após a morte, a equipe médica do hospital fez um aditamento e revisão do prontuário pós-morte, o que não é normal”, disse Kenneth. 

A Polícia Civil exumou o corpo e o encaminhou ao Instituto Médico Legal (IML) nesta terça-feira, 25. O caso é investigado pela 12ª DP (Taguatinga Centro), que requereu os dados pessoais dos servidores que trabalharam no hospital entre 27 e 31 de março, a documentação médica da vítima e a coleta de depoimentos. Uma das pessoas que irá testemunhar é a médica que constatou a falta de um dos rins. 

Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) afirmou que colabora com as investigações e, sempre que solicitada, fornece informações aos órgãos competentes. A pasta complementou que abriu processo de investigação interno para apurar os fatos.