Haddad diz que reunião com secretário do Tesouro dos EUA foi cancelada após atuação da extrema direita

11 agosto 2025 às 16h58

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Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira, 11, que a reunião virtual marcada para a próxima quarta-feira, 13, com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada após atuação de “forças de extrema direita” nos EUA.
O encontro tinha como objetivo tratar do chamado tarifaço imposto pelo governo americano a produtos brasileiros. Segundo Haddad, a “militância antidiplomática” ligada à extrema direita tomou conhecimento de sua intenção de dialogar com o Tesouro, atuou junto a assessores e acabou levando ao desmarque.
“A reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada”, declarou o ministro. Haddad relatou que, em 20 de julho, o presidente Lula pediu que ele tentasse retomar o contato com Bessent. Os dois já haviam se encontrado em maio, antes do anúncio das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
As tratativas recomeçaram em 21 de julho, mas não avançaram; em vez da confirmação de data e horário, a assessoria do secretário enviou um e-mail cancelando o encontro, alegando “falta de agenda”.
Em 30 de julho, Bessent publicou na rede X críticas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, post feito após o início das tratativas com Haddad. O ministro relacionou, ainda, a fala pública de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que afirmou que tentaria inibir contatos entre Brasil e EUA, ao cancelamento.
“Depois da entrevista dele, de que agiria contra os interesses do país, não há como não relacionar uma coisa à outra”, afirmou Haddad. O ministro disse ter tentado remarcar pela assessoria do secretário do Tesouro sem sucesso.
Ele também classificou como “um pouco ingênua” a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que cobrou uma ligação direta de Lula a Donald Trump, ressaltando que contatos entre chefes de Estado exigem preparação prévia para resultar em negociações eficazes.
Sobre a Medida Provisória (MP) criada pelo governo em resposta às tarifas americanas, Haddad explicou que a iniciativa prevê três frentes de atuação para apoiar empresas brasileiras: linhas de financiamento, compras públicas e medidas na esfera tributária.
Para exportações destinadas especificamente ao mercado norte-americano, o ministro reiterou que a MP trata do tema em três vertentes: financiamento, tratamento tributário e compras governamentais.
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