Guerra é guerra e a era da hegemonia das narrativas

23 novembro 2023 às 16h30

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Aldenir Paraguassú
Especial para o Jornal Opção
Guerra é a brutalidade do ser humano em estado puro. Esse mesmo dito “ser humano ou homo sapiens”, que de maneira pretensiosa e estupidamente, estabelece regras e condições para que uns matem outros. Principalmente os mais fortes contra aqueles de menor poder econômico, político, das armas e barões assinalados — como disse Camões.
Além das inenarráveis mortes de pessoas, estamos assistindo on line, a inexorável morte da verdade, que, por sinal, já vem ocorrendo há muito tempo.
O que se vê quando lembramos que “uma foto vale mais que mil palavras” já se tornou letra morta, que, para o nosso dilema cotidiano, antes de morrer gerou uma filha bastarda chamada narrativa.
Essa bastarda está sempre de plantão para servir, como qualquer servo, a quem lhe pagar. Em determinadas ocasiões, nem interessa o preço, mas a oportunidade.
Para não regressar muito na história, a Segunda Guerra Mundial, primeiro não teria ocorrido, como ocorreu, não teria durado tanto, não teria a amplitude e certamente não teriam sido praticadas tantas violências se Goebbels não tivesse existido.
Propaganda e narrativa são farinhas do mesmo saco. Elas se completam, se retroalimentam, se feedbackam.
A sociedade global está há um ano e meio e há pouco mais de um mês assistindo, impassível e incrédula, as violências no norte da Europa e no Oriente Médio, respectivamente, narradas por uma imprensa que não se dá conta do que informa, de onde vem e como são geradas essas informações. Até porque, com os avanços tecnológicos, essa obrigação de checagem hoje é quase impossível.
Os ataques e agressões são registrados e divulgados como estratégias, mesmo sem sabermos se são oficiais ou não. Afinal, o oficial já não tem mais crédito há alguns bons tempos.
Sinal dos tempos até quando falamos indevidamente de Inteligência Artificial (IA) ), que de inteligência não tem nada. Nada mais que armazenamento algorítma de informações.
Ainda temos muito por vir ou porvir, como melhor servir à narrativa.
Aldenir Paraguassú é arquiteto, urbanista e ambientalista. Foi secretário Executivo do Projeto de Conservação e Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.