O depoimento do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) na CPI do INSS, marcado para segunda-feira às 16h, provoca apreensão no governo. Fora do ministério desde maio, após o escândalo das fraudes em descontos associativos, Lupi recusou media training e não tem se preparado para enfrentar os questionamentos da comissão. Além disso, mantém pouco diálogo com integrantes do governo e está afastado do Palácio do Planalto.

O presidente do PDT é um dos principais alvos da CPI, porque os descontos associativos se multiplicaram sob sua gestão, entre 2023 e 2024. Apesar de aliados terem elaborado uma linha do tempo dos acontecimentos, não há expectativa de que Lupi a utilize, e ele afirma encarar a participação na comissão com tranquilidade.

Auxiliares do governo destacam que, por estar fora da pasta há quatro meses, Lupi pode confundir datas ou detalhes, o que a oposição poderia explorar. Ainda assim, ressaltam que ele é leal a Lula e não agirá com a intenção de prejudicar a gestão petista, tendo inclusive declarado que apoiará o ex-presidente na corrida de 2026.

Preocupações do Planalto

O governo também monitora outros pontos:

  • A CPI tem liderança da oposição, com Carlos Viana (Podemos-MG) na presidência e Alfredo Gaspar (União-AL) na relatoria, ambos alinhados a Bolsonaro.
  • A presença do advogado do PDT, Walber Agra, no depoimento é vista como potencial provocação política.
  • A oposição deve explorar a demora do governo em conter os descontos, testando se Lupi manterá coerência em suas respostas.

Ao deixar o ministério, Lupi saiu insatisfeito com a forma do desligamento e afirmou, a pessoas próximas, não ter sido alertado sobre o rombo nos descontos das associações. Em abril, ele admitiu que houve demora em tomar providências, mas negou omissão pessoal.

A expectativa no Planalto é acompanhar de perto o depoimento, temendo que dúvidas geradas durante a sessão levem a novos convites para esclarecimentos e que o ex-ministro se torne alvo de repetidos questionamentos da oposição.

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