Governo dos EUA avisou Trump que seu nome constava em documentos ligados a Jeffrey Epstein, diz jornal

23 julho 2025 às 18h49

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi avisado pelo departamento de Justiça do país de que seu nome aparecia nos arquivos de Jeffrey Epstein, que abusava sexualmente de menores de idade. A informação é do jornal “Wall Street Journal”.
“Em maio, (a procuradora-geral dos EUA Pam) Bondi e seu vice informaram ao presidente, em uma reunião na Casa Branca, que seu nome constava nos arquivos de Epstein”, diz a reportagem. “Eles disseram ao presidente na reunião que os arquivos continham o que as autoridades consideraram ser boatos não verificados sobre muitas pessoas, incluindo Trump, que haviam socializado com Epstein no passado”, continua.
Segundo a publicação, os documentos incluiriam “centenas de outros nomes”. “Ser mencionado nos registros (de Epstein) não é sinal de irregularidade”. A casa Branca disse que a reportagem do jornal se trata de uma “fake News”.
No início de julho, o Departamento de Justiça da Casa Branca emitiu uma nota sobre o caso Epstein dizendo que, após uma investigação conduzida pelo FBI, concluiu-se que o empresário havia cometido suicídio na prisão, e que não havia evidências de que ele mantinha uma “lista de clientes” que também participavam dos abusos sexuais.
Epstein era próximo de figuras da elite política e financeira dos EUA. Ele abusou de menores de idade pelo menos desde os anos 1990. O milionário foi encontrado morto na cela de uma prisão em Nova York, em 2019, onde aguardava seu julgamento.
Quem foi Epstein
Jeffrey Epstein foi um empresário americano acusado de chefiar uma rede internacional de exploração sexual de menores. Segundo o governo dos EUA, ele abusou sexualmente de mais de 250 meninas entre os anos de 2002 e 2005. Muitas das vítimas tinham menos de 18 anos e eram aliciadas com promessas de dinheiro e oportunidades. Em 2008, Epstein se declarou culpado por exploração de menores e foi condenado a uma pena considerada branda: 13 meses de prisão com possibilidade de sair para trabalhar.
O caso voltou a ser investigado em 2019, quando Epstein foi preso novamente, agora acusado de operar uma rede de tráfico sexual. Segundo as investigações, ele mantinha imóveis nos Estados Unidos e em uma ilha no Caribe onde as vítimas eram levadas para atender a seus convidados. Epstein foi encontrado morto em sua cela em agosto de 2019, um mês após sua prisão. A autópsia concluiu que ele cometeu suicídio. Dias antes de sua morte, o bilionário assinou um testamento com um patrimônio estimado em mais de US$ 577 milhões.
Após sua morte, as acusações contra ele foram encerradas, mas os procuradores afirmaram que outras pessoas envolvidas no esquema poderiam ser responsabilizadas. Em 2024, novos documentos judiciais revelaram detalhes sobre o caso, com mais de 150 nomes citados, incluindo figuras públicas como o ex-presidente Bill Clinton, o príncipe britânico Andrew e o próprio Donald Trump.
Os documentos, parte de um processo de difamação movido por Virginia Giuffre — uma das principais vítimas e acusadoras de Epstein — contra Ghislaine Maxwell, ex-namorada e cúmplice do bilionário, revelaram registros de voos, listas de evidências e anotações feitas por Epstein. Ghislaine Maxwell foi condenada por recrutar menores para a rede de exploração.
Entre os registros, constam dois voos de 1994 em que o nome de Trump aparece ao lado de sua então esposa, Marla Maples, e da filha Tiffany. As anotações também mencionam as iniciais “JE”, atribuídas a Jeffrey Epstein. Apesar disso, nenhuma investigação oficial encontrou evidências de que Trump tenha cometido crimes relacionados ao caso. Os dois, no entanto, mantiveram uma relação de amizade nos anos 1990 e 2000.
As revelações também atingiram o príncipe Andrew, acusado por uma das vítimas de ter cometido abusos em 2001. Embora nunca tenha sido acusado formalmente, ele perdeu a maioria de seus títulos reais e, em 2023, fez um acordo judicial com Virginia Giuffre, negando envolvimento nos crimes.
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