Goiás registra redução de 33% em queimadas em julho, mas seca mantém alerta

06 agosto 2025 às 16h56

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Goiás encerrou o mês de julho com uma redução notável de 33% nos focos de queimadas em comparação com o mesmo período de 2024, conforme o boletim do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo).
Durante a semana de 28 de julho a 03 de agosto de 2025, a maioria das regiões do estado apresentou números de focos abaixo dos registrados no ano anterior. Na semana analisada, a maioria das regiões de Goiás registrou um número de focos de queimadas inferior ao mesmo período em 2024.
As reduções mais expressivas ocorreram nas regiões sul, que passou de 41 focos em 2024 para 4 em 2025, e central, com queda de 20 para 10 focos. A região leste também mostrou uma diminuição, de 25 para 8 focos.
Contudo, algumas áreas registraram aumento: a região norte teve um salto de 7 para 22 focos. A região sudoeste, que não havia registrado focos no período em 2024, apresentou 5 em 2025. A região oeste, por sua vez, registrou uma leve queda de 28 para 25 focos.
Apesar da redução expressiva, as autoridades seguem em alerta e intensificam as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais no estado. De acordo com o gerente do Cimehgo, André Amorim, os dados são animadores, mas ainda preocupantes em algumas regiões.
“Maio, junho e julho apresentaram reduções mês a mês. Em julho, olhando para todos os focos que ocorreram, de grandes proporções, tivemos uma queda de 33%, com base em um satélite de referência”, afirmou em entrevista ao Jornal Opção.
Municípios
Os dados acumulados para o mês de agosto de 2025, até o dia 3, reforçam a tendência de queda em diversas regiões. Por exemplo, a região sudoeste teve 7 focos em 2025 contra 63 em 2024, e a região leste registrou apenas 2 focos em 2025 comparado a 281 em 2024.
A região central caiu de 157 para 4 focos. Em agosto de 2025, os municípios com maior quantidade de queimadas são:
- Monte Alegre de Goiás: 5 focos
- Cristalina: 3 focos
- Porangatu: 3 focos
- Anápolis: 2 focos
- Santo Antônio do Descoberto: 2 focos
- Uruaçu: 2 focos
Historicamente, entre 2020 e 2025, os municípios com maior número total de queimadas e recorrências incluem Mineiros (240 focos e 4 recorrências), Niquelândia (200 focos e 5 recorrências) e Mimoso de Goiás (196 focos e 4 recorrências).
Entre os municípios que mais preocupam, Amorim destaca que alguns permanecem no ranking dos 15 com maior incidência de queimadas nos últimos cinco anos. “É importante frisar esses municípios, porque nos últimos cinco anos eles têm sempre se destacado. Mineiros e Cavalcante seguem sendo observados de perto”, completou.
Ele também destacou a atenção especial à Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, por se tratar de uma região de conservação bastante extensa e vulnerável. O mês de julho também foi caracterizado por uma redução drástica nas precipitações e o predomínio de condições secas em todo o território goiano.
Para facilitar o acompanhamento e a gestão dos impactos desse período, o Cimehgo adotou, a partir de 1º de maio de 2025, a contagem de dias sem chuva por regiões, considerando períodos consecutivos sem precipitação significativa (volume inferior a 0,5 mm/dia).
Até 3 de agosto, a situação da seca em Goiás é preocupante. As regiões norte, central, oeste e sul acumulam 40 dias sem chuva, e as regiões sudoeste e leste estão há 90 e 91 dias sem precipitação, respectivamente.
A avaliação do mapa de precipitação para o período de 28 de julho a 3 de agosto de 2025 demonstra que não houve registros significativos de chuva no estado, com exceção de Maurilândia (4,4 mm) e Rio Verde (2,4 mm).
A umidade do solo estimada para o mesmo período é, em média, de apenas 2%, com Itumbiara e Cachoeira Dourada registrando valores ligeiramente superiores, de 5% e 4% respectivamente.
Conscientização ambiental
O prognóstico de risco de incêndio indica que fatores climáticos continuam a criar um ambiente favorável à propagação de queimadas. É crucial lembrar que, neste período, a maioria das queimadas são provocadas, e há uma necessidade urgente de consciência ambiental para não disseminar essa prática danosa.
Segundo Amorim, o governo estadual tem adotado uma postura firme, com atuação integrada de várias frentes. “Hoje temos uma força-tarefa em campo. Polícia Civil, Polícia Ambiental, Semad, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, além de órgãos como EMATER, CEAPA, FAEG e secretarias municipais, todos estão mobilizados”, relatou.
Essa mobilização se dá dentro do contexto do decreto estadual que proíbe queimadas por 120 dias em Goiás, justamente no período de estiagem. A medida tem respaldo legal e é reforçada com ações educativas e de fiscalização.
“A gente pede encarecidamente à população que evite provocar queimadas. Nem que seja aquela folhinha na porta de casa. É uma questão de educação e gentileza com o próximo”, disse o gerente.
A estrutura de monitoramento também foi aprimorada com o uso de tecnologia. “Estamos utilizando o aplicativo Monitor de Queimadas, disponível para iOS e Android. Qualquer cidadão pode tirar uma foto de um foco de incêndio e enviar, que ela será analisada por nossa central ou pelas equipes do Corpo de Bombeiros mais próximas”, explicou.
Mesmo com todos os esforços do poder público, André Amorim reforça que o papel da população é indispensável para alcançar a meta estabelecida pelo governo de Ronaldo Caiado: tornar Goiás o estado do Brasil Central com a menor quantidade de queimadas em 2025. “Estamos com essa meta audaciosa, mas para ela ser alcançada, precisamos da população.”
Diversas Unidades de Conservação em Goiás estão sob prognóstico de alto risco de incêndio para o período, incluindo:
- APA Serra da Galés e da Portaria
- PE Altamiro de Moura Pacheco
- Floresta Estadual do Araguaia
- PE da Mata Atlântica
- PE dos Pirineus
- PE Águas Lindas
- PE Terra Ronca
- PE Serra Dourada
- PE Serra de Jaraguá
- APA Encantado
- APA Pouso Alto
- PE do João Leite
- APA da Serra da Jibóia
- PE Telma Ortegal
- EE da Chapada de Nova Roma
- ARIE Águas de São João
- APA Serra Geral de Goiás
- APA João Leite
- APA Dr. Sulivan Silvestre
- PE de Paraúna
- APA dos Pireneus
- PE Serra de Caldas Novas
Umidade
A umidade relativa mínima do ar em muitos municípios do estado está em níveis de “Atenção” (21%-30%) ou “Alerta” (12%-20%), e alguns podem atingir o nível de “Emergência” (abaixo de 12%), intensificando o risco de incêndios.
Apesar da redução significativa nos focos de queimadas em julho, as condições de seca persistentes e a predominância de incêndios de origem humana exigem vigilância contínua e ações preventivas coordenadas para proteger o meio ambiente goiano.
Além dos impactos ambientais, as queimadas agravam problemas de saúde pública. “Fogo gera fumaça, que compromete a qualidade do ar e sobrecarrega o sistema de saúde. Não queremos ver hospitais mais lotados por isso”, alertou Amorim.
Por fim, ele fez um apelo: “Propagar fogo neste período é crime ambiental. Mas, mais que crime, é um risco coletivo. Por isso, contamos com o apoio de todos para evitarmos mais danos à saúde, ao meio ambiente e à vida.”
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