A paralisação de equipes terceirizadas responsáveis por serviços essenciais de energia elétrica em Goiás pode comprometer atendimentos emergenciais e ampliar o risco de apagões durante o período de chuvas e na virada do ano. O alerta é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (STIUEG), João Maria, que afirma que “Goiás pode passar o Ano-Novo no escuro” diante do impasse envolvendo a Equatorial Goiás e a empresa DOLP Engenharia, prestadora de serviços da concessionária.

Salários, vale alimentação e 13º não quitados

A crise atinge mais de 200 trabalhadores da DOLP Engenharia, que estão com salários de novembro em aberto, vale alimentação atrasado e 13º salário não quitado. Também há preocupação com o pagamento de dezembro. As paralisações ganharam força nesta semana e já afetam bases operacionais em municípios como Catalão, Caldas Novas, Morrinhos, Itumbiara e Rio Verde. Em Catalão, cerca de 120 profissionais aderiram ao movimento, segundo relatos dos próprios trabalhadores.

Trabalhadores fazem protesto em frente a Equatorial Energia | Foto: Divulgação

De acordo com João Maria, a ausência de uma proposta rápida e efetiva agrava o cenário. “Não há uma solução imediata apresentada. Estamos falando de pais e mães de família espalhados por todo o estado, no fim do ano, com salário, vale alimentação e 13º em atraso. É uma situação socialmente grave”, afirmou.

Segundo apuração, a DOLP Engenharia tem cerca de R$ 10 milhões a receber da Equatorial Goiás, referentes a serviços já prestados. A concessionária, por sua vez, sustenta que não possui débitos vencidos, argumentando que os pagamentos seguem cláusulas contratuais e prazos específicos para fechamento de faturas. Para o sindicato, porém, a discussão contratual não pode recair sobre os trabalhadores.

“O que entendemos é que a contratante tem responsabilidade solidária. A lei é clara: ao terceirizar um serviço, a empresa responde caso o empregador direto não cumpra suas obrigações trabalhistas”, disse João Maria. Ele também lembrou que situações semelhantes ocorreram no passado, ainda na época da Enel, antiga concessionária de energia em Goiás. “A corda sempre arrebenta do lado mais fraco”, completou.

Retenção judicial

Diante da paralisação, a Justiça do Trabalho determinou a retenção judicial de R$ 4 milhões que a Equatorial deve à DOLP, com o objetivo de garantir o pagamento dos trabalhadores. A medida busca evitar prejuízos maiores, já que a própria concessionária alertou que a interrupção dos serviços pode afetar atendimentos emergenciais de energia elétrica em até 38 municípios goianos.

Outro ponto destacado pelo sindicato é o risco operacional durante o período chuvoso. “Estamos em uma época de eventos climáticos mais severos. Como uma empresa deixa equipes inteiras paradas nesse momento? Isso atinge diretamente a população”, afirmou o presidente do STIUEG.

Além da falta de diálogo, os trabalhadores relatam dificuldades até para acessar os pátios das empresas. Segundo o sindicato, unidades estariam sendo fechadas, forçando os funcionários a se manifestarem em ruas e praças das cidades. “A situação é gritante e só tende a crescer. Onde houver base da DOLP, a tendência é parar”, disse João Maria.

Enquanto o impasse persiste, o sindicato também alerta para a sobrecarga das equipes próprias da Equatorial Goiás. Com menos terceirizados em atividade, trabalhadores diretos da concessionária podem ser submetidos a jornadas intensificadas. “Isso eleva muito o risco de acidentes graves e até fatais, o que é extremamente preocupante”, afirmou.

A reportagem entrou em contato com a DOLP Engenharia, mas não obteve resposta. O espaço permanece aberto

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