A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) iniciou, nesta semana, a vacinação contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) para gestantes a partir da 28ª semana de gestação. O Estado recebeu 24.530 doses enviadas pelo Ministério da Saúde e começou a distribuir, na quarta-feira, 3, 16 mil unidades às 18 Regionais de Saúde, que farão a entrega aos 246 municípios goianos até o fim da próxima semana.

A imunização tem como objetivo proteger recém-nascidos durante seus primeiros meses de vida — período de maior vulnerabilidade às formas graves de infecções respiratórias. O VSR é hoje a principal causa de bronquiolite em crianças menores de dois anos e responsável por cerca de 75% dos casos virais no período sazonal, além de contribuir para até 40% das pneumonias em bebês.

“Vacinar gestantes é proteger vidas”, diz secretário

Durante coletiva, o secretário de Estado da Saúde, Rasível Santos, destacou a relevância do início da campanha e o impacto do VSR na rede assistencial.

“É uma vacina muito esperada, que vai proteger todas as gestantes e seus nenês com até seis meses de vida. O Vírus Sincicial Respiratório causa bronquiolite e pode também levar à pneumonia. Setenta e cinco por cento das bronquiolites no período sazonal são causadas por esse vírus”, afirmou.

Ele reforçou a abrangência da imunização no estado: “Recebemos 24.530 doses e já estamos distribuindo hoje 16 mil doses nos 246 municípios. Temos em torno de 90 a 100 mil gestantes por ano e precisamos vacinar todas entre a 28ª e a 36ª semana para conferir essa proteção aos bebês.”

O secretário ainda destacou que a chegada do novo imunizante é uma oportunidade para atualizar outras vacinas do calendário. “Além da vacinação contra o VSR, é importante aproveitar para atualizar a caderneta, tanto das gestantes quanto das crianças.”

Imunidade passa da mãe para o bebê

A subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, explicou que a vacina, já utilizada na rede privada, é segura e eficaz, e agora passa a integrar o Sistema Único de Saúde.

“As gestantes entre a 28ª semana e até 14 dias antes do parto devem procurar a sala de vacinação em seu município. É uma vacina muito segura e própria para mulheres gestantes”, afirmou.

Segundo ela, a contraindicação é restrita a quadros de doença febril aguda:

“Se ela estiver com febre alta ou alguma doença aguda, deve esperar passar essa fase para tomar a vacina.”

Flúvia reforçou o principal benefício do imunizante:

“A criança cuja mãe se vacinou já nasce com anticorpos. É uma proteção direta para o bebê, que terá menos risco de desenvolver quadros graves nos primeiros meses de vida.”

Cenário epidemiológico acende alerta

Dados recentes do Ministério da Saúde mostram aumento da circulação de vírus respiratórios no país. Em 2025, até a Semana Epidemiológica 45, foram registrados 220.595 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com 118.828 (54%) identificados como vírus respiratórios.

Só o VSR respondeu por:

  • 27.018 casos em 2024, sendo 22.921 em crianças menores de dois anos;
  • 42.752 casos em 2025, dos quais 35.255 também em menores de dois anos.

O avanço da doença reforça a necessidade da proteção conferida pela vacinação materna — estratégia capaz de reduzir internações e sobrecarga das UTIs pediátricas, especialmente em regiões com menor oferta de leitos.

Distribuição e vacinação nos municípios

A vacinação será incorporada à rotina das unidades de saúde em todo o estado. Para se vacinar, a gestante deve apresentar documento que comprove a gestação e a idade gestacional, como cartão de pré-natal, exame ou relatório médico, além de documentos pessoais.

A orientação do Estado é que, a partir da próxima semana, as gestantes confirmem junto às Secretarias Municipais de Saúde o cronograma local de aplicação.

A meta é vacinar 91.217 gestantes, alcançando 80% de cobertura.

A SES destaca que a vacina pode ser administrada simultaneamente com outros imunizantes do Calendário Nacional, sem prejuízo da segurança ou da eficácia.

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