A Praça Cívica, no Centro de Goiânia, recebeu nesta semana um novo marco de enfrentamento ao feminicídio e à violência de gênero, o Banco Vermelho, iniciativa do Governo de Goiás em parceria com o Instituto Banco Vermelho.

A ação integra campanhas permanentes de conscientização e reforça o convite ao engajamento da sociedade na prevenção de agressões contra mulheres.

Com frases como “A relação abusiva de hoje pode ser o feminicídio de amanhã” e “Sentar e refletir. Levantar e agir”, o banco busca provocar reflexão e alertar para os sinais de abuso que, muitas vezes, antecedem casos de feminicídio.

Durante a inauguração, o Governo de Goiás destacou que o banco representa um compromisso público com a proteção feminina. “Este banco é um presente para a cidade, simbolizando um compromisso concreto com a vida das mulheres”, registra a mensagem institucional.

As secretarias estaduais de Desenvolvimento Social (Seds) e Goiás Social reforçaram que o estado é parceiro do Instituto Banco Vermelho “na luta pelo feminicídio zero”. A primeira-dama de Goiás Gracinha Caiado também participou da inauguração.

Em entrevista coletiva, ela afirmou que o objetivo da iniciativa é sensibilizar a sociedade e encorajar vítimas a buscar ajuda. “É para que a população faça uma reflexão, que às vezes a mulher que está ali na sua casa, está sofrida e não tem coragem de denunciar. A denúncia é o primeiro caminho para que o Estado e para que todos nós possamos ajudar essas mulheres”, declarou.

Além do simbolismo, o banco também funciona como ferramenta prática de orientação. Um QR Code instalado no mobiliário urbano direciona para o aplicativo Mulher Segura, que oferece informações, canais de denúncia e serviços de apoio a vítimas de violência.

Presente em várias cidades do mundo, o Banco Vermelho é reconhecido como memorial dedicado às mulheres vítimas de feminicídio. Em Goiânia, o monumento reforça a necessidade de fortalecer políticas públicas e envolver a sociedade na prevenção.

Marcha “Levante Mulheres Vivas!”

A Marcha “Levante Mulheres Vivas!” acontece neste domingo, em Goiânia, como parte de uma mobilização nacional contra o feminicídio e outras formas de violência de gênero. A concentração será às 15h, na Praça Universitária, com caminhada até a Delegacia da Mulher.

O ato destaca que feminicídio não é destino nem crime passional, mas resultado de uma violência estrutural que precisa ser enfrentada. A advogada feminista Kelly Cristina, coordenadora da Articulação de Mulheres Brasileiras em Goiás, afirma que o movimento reage à “naturalização do assassinato de mulheres” e cobra políticas públicas eficazes.

Ela ressalta que, apesar dos avanços federais, ainda é baixo o comprometimento de estados e municípios com ações de proteção. A professora Ursula Conrado destaca que mais de 30 cidades participam do levante e que a mobilização busca chamar atenção para a realidade de mulheres “apagadas, objetificadas e desvalorizadas”.

Segundo ela, a luta exige coragem coletiva e não aceita que o feminicídio seja tratado como estatística. O cenário em Goiás reforça a urgência da pauta: o estado tem três cidades entre as 20 com mais casos de estupro no país e ocupa o 6º lugar em violência doméstica, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Apesar de ter recebido recursos federais para enfrentamento da violência, Goiás permanece entre os estados mais letais para mulheres e meninas. O movimento defende políticas públicas efetivas, orçamento adequado, fortalecimento da Lei Maria da Penha, ampliação da rede de acolhimento, educação de gênero, campanhas permanentes e combate à violência digital.

Também reivindica prioridade para mulheres em situação de maior vulnerabilidade, negras, pobres, indígenas, quilombolas e periféricas. A marcha ocorre poucos dias após a aprovação, no Senado, da lei que aumenta a pena do feminicídio para até 40 anos de prisão.

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