Crescimento contraria proposta do governo de extinção dos cartões

Um levantamento dos dois primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro apontou que os gastos com cartões corporativos aumentaram 16% em relação aos quatro últimos anos. As despesas da nova gestão somaram uma quantia de R$ 1,1 milhão, segundo dados da Controladoria Geral da União divulgados pelo Estadão.

Durante a transição, o novo governo defendeu a extinção do uso do cartão. Na ocasião, o atual ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, afirmou que seriam feitas mudanças na forma de pagamento, consultando a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria Geral da União (CGU). Estes órgãos, no entanto, informaram ao jornal Estadão que ainda não foram solicitados sobre o tema.

O cálculo da despesa do cartão corporativo leva em consideração os pagamentos relacionados à Secretaria de Administração da Presidência da República, o que inclui as despesas relativas ao presidente. A maioria dos pagamentos teve sua descrição sigilosa, sob argumento de que a transparência poderia colocar em risco a segurança de Jair Bolsonaro. Do montante gasto pela presidência, apenas 1,4% está detalhado, o que corresponde a um valor de R$ 15,5 mil. Dentre os itens da lista estão uma loja de informática e uma de manutenção de veículos.

De acordo com as informações divulgadas até o momento, o Ministério da Defesa registrou uma despesa de R$ 500 em um restaurante especializado em carnes argentinas, no Rio de Janeiro, e uma quantia de R$ 19,90 em um McDonald’s em Brasília. Somente o Ministério da Saúde, utilizou, até agora, o cartão corporativo em lojas de artigos de escritório

Questionada pelo Estadão sobre a causa do aumento dos gastos, a Secretaria de Comunicação não se manifestou. Não houve, também, um posicionamento acerca de possíveis mudanças na política de sigilo de pagamentos.

O governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) propôs um projeto, em seu último mandato como Senador, que prevê a divulgação das despesas na íntegra. O texto está em discussão no Senado, mas apresenta uma brecha que determina a manutenção do sigilo em casos que “possam colocar em risco a vida do presidente”.

Em Goiás, o deputado estadual Alysson Lima (PRB) criticou o uso dos cartões corporativos e fez requerimento solicitando informações a respeito desses gastos no Estado. Para ele, os cartões não deveriam ser usados em pagamentos de despesas que não se subordinam aos processos licitatórios normais. E alega que algumas utilizações chamam a atenção, como o pagamento de expensas em caráter sigiloso ou reservado.

O Jornal Opção entrou em contato com o Governo de Goiás para saber se os cartão estão sendo utilizados no estado, mas não recebemos resposta. O espaço permanece aberto.

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