França vai às urnas neste domingo com disputa acirrada e sob ameaça terrorista
23 abril 2017 às 09h54

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Quatro candidatos aparecem tecnicamente empatados. Pesquisa indica que 25% dos eleitores estão indecisos e taxa de abstenção deve ser alta
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Os Franceses vão às urnas neste domingo (23/4) para o primeiro turno das eleições presidenciais em uma das disputas mais imprevisíveis das últimas décadas. A votação acontece sob forte vigilância policial dias depois de um novo atentado no país.
Considerando a margem de erro, quatro candidatos aparecem empatados nas pesquisas e qualquer um deles pode chegar ao segundo turno, marcado para o próximo dia 7 de maio.
Uma das favoritas é a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, com sua plataforma nacionalista, anti-imigração, anti-globalização e anti-União Europeia, ela deve ir para o segundo turno. Se isso ocorrer, será o melhor desempenho da história do partido de extrema-direita.
Quem disputa com Le Pen a liderança do pleito deste domingo é o candidato de centro Emmanuel Macron, forte defensor da permanência da França no bloco europeu. Mais jovem na disputa, com 39 anos, ele teve uma ascensão meteórica na campanha presidencial, apesar de nunca ter concorrido a uma eleição.
Macron chegou a ser ministro da Economia do atual presidente, François Hollande, mas deixou o Partido Socialista. Agora, concorre de forma independente, com uma visão liberal da economia e progressiva em assuntos sociais.
De acordo com pesquisa da TV Francesa, divulgada quinta-feira, antes do ataque, Le Pen tem 22% das intenções de voto e Macron aparece logo à frente, com 25%. Se os dois chegarem ao segundo turno, a previsão é de que o centrista será eleito presidente.
Mas um elemento importante adiciona imprevisibilidade ao resultado de domingo. Um quarto dos franceses que pretendem votar diz estar indeciso. A decisão de última hora deles pode colocar na disputa pelo segundo turno outros dois candidatos que, segundo a pesquisa da TV Francesa, estão empatados com 19% das intenções de voto.
Um deles é Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda radical. Veterano de 65 anos, ele deu recentemente um salto nas pesquisas, com uma campanha que incluiu até o uso de hologramas para aparecer em seis comícios ao mesmo tempo. Apoiado pelos comunistas, ele promete taxar os mais ricos, reduzir a jornada de trabalho e a idade da aposentadoria. Quer também renegociar a participação da França na União Europeia.
Do lado oposto no espectro político, o conservador François Fillon também está no páreo. Ele chegou a ser cotado como favorito ao vencer a indicação do Partido Republicano, mas sua campanha sofreu um revés depois que ele e a mulher passaram a ser investigados por possível desvio de dinheiro público, o que ele nega.
Apesar da queda nas pesquisas, ele voltou a ganhar apoio, com a promessa de defender os “valores cristãos” da França. Sua plataforma também mostra uma linha-dura contra terrorismo, radicalismo islâmico e imigração.
Ameaça terrorista
O ataque em Paris na noite da última quinta-feira (20/4), que deixou um policial morto e três feridos, adicionou tensão ao contexto da eleição deste domingo.
Apesar de pesquisas mostrarem que os eleitores estão mais preocupados com desemprego e a situação econômica do país, terrorismo e segurança, assim como a questão migratória, fizeram parte da agenda de campanha.
Mas é difícil prever qual será o impacto desse ataque – que está sendo investigado como terrorismo e foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico – sobre a decisão dos franceses. “Há vários fatores. Por um lado, eu tendo a dizer que o impacto será limitado, porque a França, de certa forma, já se acostumou com a ameaça terrorista”, disse Frederic Dabi, do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop).
Mais de 230 pessoas já morreram em ataques terroristas desde janeiro de 2015 e o país continua sob estado de emergência. (Com informações Agência Brasil)