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A Marinha de Israel interceptou nesta quarta-feira, 1º, embarcações que transportavam ajuda humanitária para Gaza, detendo os ativistas a bordo, entre eles a sueca Greta Thunberg. O governo israelense informou que todos os detidos estão “seguros e saudáveis”.

A operação envolveu parte da flotilha Global Sumud (GSF), composta por cerca de 50 embarcações que tentavam romper o bloqueio marítimo imposto por Israel à Faixa de Gaza. O objetivo dos ativistas era entregar alimentos, água potável, medicamentos e brinquedos à população local, afetada pela guerra em curso entre Israel e o Hamas.

Entre os detidos há ao menos 10 brasileiros, incluindo o ativista Thiago Ávila e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), além de um argentino residente no Brasil. Vídeos e relatos indicam que várias embarcações foram abordadas, instruídas a mudar de curso ou submetidas a canhões de água, enquanto a organização denunciou que algumas foram deliberadamente atingidas.

O governo israelense justificou a ação afirmando que os barcos se aproximavam de uma “zona de combate ativa” e violavam o bloqueio naval legal imposto à região, destinado a impedir que suprimentos cheguem às mãos do Hamas. Autoridades afirmam que um sistema alternativo de distribuição de alimentos, gerido pela Fundação Humanitária de Gaza e apoiado por Israel e pelos EUA, é a via segura para o envio de ajuda, embora organizações internacionais como a ONU questionem a ética dessa estrutura.

A interceptação gerou críticas internacionais. Grécia, Itália, Tunísia e Turquia protestaram contra a ação. A Colômbia expulsou diplomatas israelenses e rescindiu o acordo de livre comércio em vigor desde 2020, classificando a ação como “crime internacional”. O vice-primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, e o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, também expressaram preocupação e cobraram respeito ao direito internacional.

Greta Thunberg, alvo de críticas de Israel que chamou a flotilha de “iate para selfies”, rebateu as declarações, afirmando que não se arriscaria por publicidade. O grupo de ativistas enfatizou que o objetivo era uma missão civil pacífica para entregar ajuda humanitária à população palestina, que enfrenta escassez de alimentos e medicamentos.

O episódio ocorre em meio à intensificação da ofensiva israelense na Cidade de Gaza, com alertas para que civis evacuem para o sul. O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, declarou que aqueles que permanecerem serão tratados como “terroristas e apoiadores do terror”, enquanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha reforçou que civis devem ser protegidos independentemente de permanecerem ou não na cidade.

A flotilha era esperada para chegar a Gaza na manhã desta quinta-feira, 2, mas sua trajetória e segurança permanecem incertas após a intervenção israelense.

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