Filha de João de Deus confirma abuso do médium e pede indenização milionária
14 dezembro 2018 às 11h41

COMPARTILHAR
A mulher que hoje tem 49 anos pede uma indenização de R$ 50 milhões por causa dos assédios

A filha do médium João de Deus, Dalva Teixeira, relatou à revista Veja que sofreu abusos do pai quando era criança. Hoje, ela tem 49 anos e disse que os casos de assédio começaram quando ela tinha 10 anos, época em que conheceu o pai.
“Ele chegou da fazenda, pegou uma vela branca e mandou que eu marcasse a vela com a unha. Eu passei e ele falou: “O pai vai ter que ficar com você até o fogo chegar nessa marca, vou fazer um trabalho espiritual com você”. Minha madrasta estava sentada no sofá e vendo tudo. Aí ele me levou para dentro do quarto e tirou minha roupa. Achei aquilo estranho e disse: “O que o senhor está fazendo?”. Ele ficou pelado, e começou a passar o pênis dele no meu corpo todo. E eu falei que ele estava me machucando, e ele em cima de mim.
Ela deixou a casa da mãe na zona rural e foi morar com o pai na cidade para continuar os estudos. Segundo Dalva, dos 10 aos 14 anos, os abusos viraram rotina: em casa, no carro e durante viagens. “Os episódios só tiveram fim, quando fiquei grávida de um funcionário de João de Deus”, contou.
Com a gravidez, a filha de João de Deus contou que pretendia ir embora da casa do pai, mas quando lhe informou do acontecido, João de Deus a espancou. Dalva perdeu o bebê e carrega até hoje as cicatrizes da agressão.
A mulher move uma ação contra o médium, pedindo indenização de R$ 50 milhões. Em 2017, um ano após as acusações, Dalva gravou vídeo ao lado de João de Deus, negando os abusos. A gravação é utilizada pela defesa do médium. Mas ela alega que foi coagida a participar dessa segunda publicação.
Após mulheres relatarem que sofreram abusos de João de Deus, o que resultou no pedido de prisão preventiva contra o médium, Dalva prestou depoimento sigiloso no Ministério Público de Goiás.
Outro caso
Uma ex-moradora de Taguatinga disse ter engravidado do médium João de Deus após sofrer abuso sexual, na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, quando tinha 16 anos. A comerciante, que hoje tem 53 anos, afirmou que o líder espiritual deu um remédio para ela abortar o bebê.
Ana Maria Azevedo conta que era prestadora de serviço do local e sofreu o abuso três meses após iniciar o trabalho. “Uma amiga minha que me levou para conhecer o João de Deus. Aí, eu fui para lá trabalhar com ele na corrente. Com três meses, ele abusou de mim. Tirou minha roupa, minha peça íntima de baixo, a de cima não. Ele fez o que fez e eu peguei uma gravidez dele”, relatou à TV Globo.
Ela disse ainda que morava em Taguatinga, quando tudo ocorreu, e voltou para casa. Meses depois, quando a barriga começou a crescer, voltou ao centro espírita com o pedido de ajuda. “Ele falou assim: ‘Não! Eu vou te dar um remédio’. Eu pensei que o remédio era uma garrafada para fazer um tratamento, mas ele me deu um remédio para matar a criança, para eu não complicar a vida dele.”
Atualmente, ela mora em Uberaba (MG) e teve coragem de denunciar: “Ele falou que ia me matar se eu falasse alguma coisa”, completou.