Fieg articula resposta à tarifa dos EUA com setor produtivo e diplomacia

30 julho 2025 às 18h35

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A imposição de tarifas de até 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros acendeu um alerta no setor industrial de Goiás. Em agenda em Brasília nesta quarta-feira, 30, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) André Rocha participou de reuniões na Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
Segundo ele, o setor discute uma estratégia para participar de audiências públicas e consultas abertas nos Estados Unidos, além de uma possível missão empresarial para dialogar diretamente com compradores americanos.
“Queremos que os setores prejudicados aqui conversem com os importadores lá, que também estão sendo afetados. A ideia é construir pontes comerciais, e não ampliar a disputa”, explica, em entrevista ao Jornal Opção.
Anteriormente, Rocha havia reforçado que o impacto no PIB estadual pode ser ainda maior do que os R$ 800 milhões estimados inicialmente pela CNI. Isso porque, segundo ele, haveria concorrência desleal no mercado interno entre empresas que perderam espaço para exportar e que, agora, disputarão espaço em território nacional. “Esse cenário pode gerar uma canibalização comercial, o que é péssimo para todos.”
No entanto, o presidente Donald Trump publicou o decreto nesta quarta isentando centenas de produtos brasileiros, o que pode ter um impacto menos significativo do que o estimado anteriormente.
Rocha destacou que o governo de Goiás tem agido com rapidez, chamando as empresas para conversar e oferecendo linhas de crédito. “O governador Ronaldo Caiado foi proativo, se colocou à disposição para discutir soluções. Esperamos que o governo federal faça o mesmo”, disse.
Rocha também defendeu atuação discreta da diplomacia brasileira. “Essa não é hora de mandar recado pela imprensa ou alimentar brigas públicas. Precisamos de serenidade, equilíbrio e diálogo técnico.”
Para o presidente da Fieg, o momento exige atenção redobrada. “Ainda não sabemos se essa escalada para por aqui. Não sabemos a reação do governo brasileiro nem se outras medidas virão por parte dos EUA.”
Segundo o presidente da Fieg, a economia brasileira já enfrenta dificuldades, como desequilíbrio fiscal e juros altos, que inibem investimentos. De acordo com levantamento da entidade, setores como mineração, proteína animal, açúcar orgânico e até micro e pequenas empresas que exportam para os EUA poderiam sentir o impacto de forma mais intensa.
Rocha cita, por exemplo, grupos de produtores de açúcar orgânico, cujas exportações aos EUA representam entre 70% e 90% do total vendido ao exterior. “O mercado interno brasileiro é pequeno para absorver essa produção. E abrir novos mercados, por conta de barreiras, é muito difícil”, lamenta.
Como o decreto de Trump isentou os produtos de tais setores, o impacto ainda é aguardado, que pode ser inclusive menor do que o estimado anteriormente, já que a tarifa se mantém a mesma praticada atualmente.
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