Federação de policiais federais rechaça PEC da Autonomia da PF
02 setembro 2019 às 16h55

COMPARTILHAR
Segundo federação, deputado Felipe Franscischini tem agido com interesses na celeridade da matéria, porque pai é delegado da Polícia Federal, classe que teria intuitos corporativistas
Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) se posicionou contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 412/2009, conhecida como PEC da Autonomia da PF, cujo temor é levar à extinção do órgão. A matéria tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, há dez anos.
Conforme a Fenapef, ao retirar do artigo 144 da Constituição a natureza jurídica de órgão permanente da PF, desvincular a instituição do Ministério da Justiça e transferir para uma lei complementar toda a estruturação organizacional da polícia, a proposta coloca em risco a própria existência da Polícia Federal.
Além disso a PEC, de acordo com a federação, cria “um órgão armado, independente do Poder Executivo/Ministério da Justiça e sem qualquer controle externo da atividade policial, o que não existe em nenhum país do mundo”. Eles ainda apontam que somente delegados da PF, cerca de 10% da instituição, defendem a proposta.
A Fenapef afirma que eles usam o argumento de “autonomia orçamentária para a PF”, mas na verdade buscam aumentar suas prerrogativas, salários e outros benefícios financeiros (como auxílio moradia, por exemplo) ao se equiparar a estrutura remuneratória do Judiciário e do Ministério Público. “Além disso, desejam ter total poder para, a qualquer tempo, criar ou extinguir cargos dentro da corporação, fragilizando uma das mais corretas e comprometidas instituições brasileiras, com reconhecimento dentro e fora do País”.
Corporativismo
Ainda segundo a federação, que classifica o intuito dos delegados como corporativista, a postura fica clara ao se verificar que o atual presidente da CCJ da Câmara, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), é filho do delegado e deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR), o que tem motivado a busca por celeridade na PEC de 2009.
Desta forma, o Fenapef “defende, de forma irrestrita, a garantia de autonomia investigativa da Polícia Federal, o que já existe. Prova disso é a Operação Lava-Jato e todas as outras operações e investigações conduzidas pela PF ao longo da história”.
Para a entidade, é necessário um debate mais amplo com a participação de todos os cargos da PC e sociedade civil. O intuito da federação é que sejam corrigidas falhas no atual modelo policial brasileiro, no qual cada esfera (polícias Militar, Civil e Federal) atua de forma isolada nas diferentes fases de persecução criminal, o que dificulta a elucidação dos crimes com a efetividade e celeridade que a população espera.
“Por isso, acompanhando a tendência mundial, a Fenapef é favorável ao Ciclo Completo de Polícia e à Porta Única de Entrada (nas polícias) para que as atividades de prevenção e investigação criminal sejam desenvolvidas pelo mesmo órgão policial, com atuação completa do início ao fim”.