A Fase 1 do Programa Oásis será realizada no segundo semestre de 2025, com as primeiras intervenções em unidades já definidas. Em entrevista ao Jornal Opção, o subsecretário de Inovação e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) de Goiás, Raphael dos Santos Veloso Martins, apresentou cronogramas, soluções previstas e o potencial transformador da iniciativa.

“O Programa Oásis é uma iniciativa da SECTI e que tem como objetivo transformar prédios públicos, especialmente as Escolas do Futuro, em espaços mais sustentáveis e preparados para os desafios ambientais contemporâneos, com atenção especial às condições climáticas do Cerrado”, afirmou Martins. Segundo ele, a proposta inclui telhados verdes, arborização estratégica e até estações meteorológicas integradas ao currículo escolar.

Segundo Raphael, o Programa Oásis vai muito além da requalificação física dos prédios públicos. A proposta é integrar infraestrutura sustentável ao ensino técnico das Escolas do Futuro, que já oferecem cursos em ciência de dados, inteligência artificial, robótica e prototipagem. A ideia é que os estudantes possam aplicar o aprendizado em projetos reais de impacto ambiental, tornando-se protagonistas de soluções para o futuro.

Apresentação do Programa Oasis | Foto: Divulgação/Secti

“O objetivo central do Programa Oásis é transformar os espaços públicos, especialmente as escolas, em ambientes mais sustentáveis, inteligentes e resilientes diante dos desafios climáticos do presente e das próximas décadas”, explicou o subsecretário. Ele destacou ainda que o conforto térmico e os microclimas criados pelas intervenções favorecem não apenas o aprendizado, mas também a permanência e o engajamento da comunidade escolar.

Para Raphael, ambientes mais frescos, sombreados e adaptados ao clima seco favorecem o bem-estar e a permanência da comunidade escolar, ao mesmo tempo em que reduzem as ilhas de calor e promovem maior resiliência urbana.

As obras incluirão telhados verdes com espécies nativas do Cerrado, cortinas vegetais para filtragem de poluentes em fachadas e áreas de acesso, requalificação paisagística de teatros de arena para atividades culturais ao ar livre e sistemas automatizados de irrigação para reduzir o desperdício de água. Segundo o subsecretário, as escolas funcionarão como laboratórios vivos de sustentabilidade, capazes de gerar dados para sistemas nacionais de monitoramento climático e, ao mesmo tempo, inspirar políticas públicas semelhantes em outros estados brasileiros.

Cronograma e primeiras unidades beneficiadas

Raphael Martins explica que a implantação será escalonada em fases. “A Fase 1 do programa será executada ao longo do segundo semestre de 2025, com intervenções nas unidades José Luiz Bittencourt, em Goiânia, e Sarah Luísa Lemos Kubitschek de Oliveira, em Santo Antônio do Descoberto, ambas com projetos já elaborados e aprovados”, explica.

Subsecretário de Inovação e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) de Goiás, Raphael dos Santos Veloso Martins | Foto: Divulgação

Em 2026, já no primeiro semestre, o subsecretário conta que terá início a Fase 2, contemplando a Escola do Futuro Paulo Renato de Souza, em Valparaíso de Goiás. Em etapas posteriores, o Oásis chegará à EFG Raul Brandão de Castro (Mineiros), EFG Luiz Rassi (Aparecida de Goiânia), EFG Labibe Faiad (Catalão) e ao novo Basileu França em Jaraguá, que está em construção.

“Esse cronograma escalonado permite ao Programa Oásis testar, adaptar e expandir suas soluções sustentáveis e pedagógicas com base nas realidades regionais e nas demandas específicas de cada escola. A estratégia garante não apenas eficiência na execução, mas também potencial de replicabilidade e impacto ampliado, consolidando o protagonismo de Goiás em inovação climática e infraestrutura verde para a educação pública”, destacou Martins.

Materiais sustentáveis e impacto urbano

Segundo Raphael Martins, a flexibilidade do Programa Oásis é uma de suas maiores virtudes. A possibilidade de ser aplicado tanto em prédios horizontais quanto em estruturas verticais permite que ele se adapte a diferentes realidades urbanas e escolares. Isso significa que escolas já existentes podem passar por retrofits para receber soluções sustentáveis, enquanto novas unidades podem ser planejadas desde o início com tecnologias de arquitetura bioclimática e paisagismo funcional. 

“A equipe técnica da SECTI também é composta por arquitetos, paisagistas, engenheiros ambientais, engenheiros civis e agrônomos, todos atuando integradamente para garantir a aplicação eficaz das diretrizes de sustentabilidade e bioclimatismo nos projetos de arquitetura e paisagismo, bem como na manutenção do programa”, explica.

O subsecretário destaca que o projeto prioriza materiais de baixo impacto ambiental, como tintas à base de água e recicladas, que ajudam na iluminação natural e refletem o calor, contribuindo para a eficiência energética. Além disso, estacionamentos e áreas externas serão repensados para reduzir ilhas de calor urbanas e aumentar a permeabilidade do solo, favorecendo a drenagem e a arborização estratégica.

“Como exemplo concreto dessa visão, destaca-se o Hub de Inovação para Sustentabilidade, prédio que está sendo idealizado pela SECTI. Este hub funcionará como um centro estratégico para o desenvolvimento e implementação de tecnologias sustentáveis (…) Além disso, o Hub será um espaço de colaboração entre diferentes setores e especialistas, impulsionando soluções inovadoras que poderão ser replicadas em todo o estado, fortalecendo a capacidade de Goiás para enfrentar os desafios ambientais atuais e futuros”, destaca Raphael.

Algumas entregas já demonstram resultados positivos. A Escola do Futuro de Valparaíso recebeu um biodigestor autônomo doado pela Embaixada de Israel, que transforma resíduos orgânicos em biogás utilizado na cozinha da unidade. Para o secretário da SECTI, José Frederico Lyra Netto, essa ação integra a visão ampla do projeto. “Isso integra o Projeto Oásis, que visa tornar as escolas mais verdes, eficientes e adaptadas às necessidades dos estudantes”, afirmou durante a inauguração em fevereiro deste ano. 

Além do impacto ambiental e educacional, o programa também busca fortalecer a imagem do estado no cenário internacional e inspirar novas políticas públicas. A replicabilidade do modelo é um dos seus pontos fortes: as soluções bioclimáticas adotadas no Cerrado podem ser adaptadas para outros biomas brasileiros e até para cidades internacionais com desafios semelhantes.

O Programa Oásis já nasceu alinhado a compromissos nacionais e internacionais de sustentabilidade, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o Plano de Ação para Inovação e Sustentabilidade dos BRICS e a  30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será sediada no Brasil em novembro de 2025. 

Segundo o subsecretário Raphael Martins, essa é uma oportunidade de transformar a educação em vetor de transformação urbana e climática. “A replicabilidade do programa é evidenciada pela integração com cursos técnicos das Escolas do Futuro de Goiás, permitindo que estudantes desenvolvam protótipos sustentáveis e soluções tecnológicas aplicáveis a outras regiões. Assim, o programa pode inspirar políticas públicas similares em outros estados, demonstrando que é possível mitigar ilhas de calor urbanas e promover resiliência climática por meio de intervenções educacionais e ambientais integradas.”

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