Falta de leitos na rede pública de Goiânia também afeta cidades de interior
27 junho 2020 às 08h19

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Sem hospitais, cidades de interior também não conseguem transferir pacientes graves de Covid-19 para capital

Em entrevista ao Jornal Opção, a médica e presidente do Sindicato dos Médicos em Goiás (Simego), Franscine Leão, falou como está a situação dos médicos que atuam diretamente no enfrentamento à pandemia de Covid-19 no Estado. Com 1.589 casos de profissionais da saúde diagnosticados positivos para a Sars-Cov-2, o aumento na aceleração das contaminações irá cooperar para que o número de profissionais acometidos também cresça, conforme diz a presidente.
“Os profissionais estão se contaminando desde o começo da pandemia e agora tende a intensificar porque eles têm ficado com os pacientes mais graves internados nas unidades de pronto atendimento”, relatou Franscine. “A gente não está conseguindo internar os pacientes nas redes de atenção secundária e terciária, ou seja, nos hospitais e os pacientes estão ficando entubados até mais de 24h nas redes de pronto atendimento. Isso aumenta a exposição”, disse.
Se na capital, os leitos de UTI da rede pública estão praticamente esgotados, no interior é ainda mais preocupante a situação, já que nem toda cidade possui unidades secundárias e terciárias e precisam transferir pessoas em situação mais grave. “Hoje recebi uma reclamação de um médico de Corumbá dizendo que há três dias um paciente estava entubado lá. Não conseguia trazer para uma unidade terciária”, lembra.
De acordo com a médica, já era esperado um colapso nos serviços de saúde ao final desta semana, entretanto, ela conta que desde o início da semana já ser percebe o esgotamento de vagas. Franscine ainda associa diretamente a falta de leitos com a flexibilização das atividades econômicas. “Nenhum lugar do mundo ocorreu aumento da flexibilização de serviços não essenciais no momento de pico da epidemia, que é o que vivemos agora”, argumentou.
Além da falta de leitos, os médicos enfrentam outros desafios, que inclui falta de insumos básicos, como materiais de proteção e medicamentos. “Lutamos muito com o abastecimento de EPIs no começo de abril, estávamos trabalhando praticamente desparamentados. Isso deu uma regularizada. Mas agora estamos passando por dificuldade nas redes de abastecimento dos medicamentos. Os principais medicamentos que dão suporte para os pacientes mais graves com o quadro da Covid”, apontou.