Fabrício Rosa defende desmilitarização da segurança pública e discute participação política de policiais em tese de doutorado

14 setembro 2025 às 13h00

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O vereador Fabrício Rosa (PT) recentemente apresentou sua tese de doutorado, que investigou a participação política de policiais na política brasileira, especialmente o comportamento da chamada bancada da segurança pública na Câmara dos Deputados. Segundo o parlamentar, a pesquisa analisou como os policiais, enquanto representantes eleitos, influenciam pautas ligadas à proteção da democracia e aos direitos sociais, como moradia, educação e transporte.
“Historicamente, a bancada propõe projetos punitivistas, ampliando proteção para os próprios policiais, mas nossa análise mostrou que a votação não é sempre unânime ou de extrema direita. Fatores como estado de origem, partido e pautas corporativas influenciam o comportamento parlamentar”, explicou em entrevista ao Jornal Opção.
Fabrício Rosa também detalhou suas propostas para a segurança pública. Ele defende a desmilitarização das polícias, com carreira única para os agentes, controle social sobre orçamentos, promoções e gestão, além de uma abordagem mais comunitária e menos violenta. “Aqui em Goiás, sabemos que três em cada dez pessoas assassinadas são mortas pelas mãos da polícia militar. Precisamos de câmeras nos uniformes, de conselhos sociais que deliberem sobre os rumos da segurança e de corregedorias independentes para fiscalizar a atuação dos agentes”, afirmou.
O vereador destacou ainda a necessidade de uma formação humanizada para a Guarda Civil Metropolitana, desvinculada do modelo da polícia militar, com a participação de movimentos sociais e especialistas em segurança pública. Ele enfatizou a importância de concursos regulares para os guardas, lembrando que, na história de Goiânia, apenas dois processos seletivos foram realizados. “É fundamental que a sociedade participe da segurança pública, fiscalizando e contribuindo para um modelo mais transparente e eficiente”, completou.
Sobre a tese de doutorado, Fabrício Rosa contou que o projeto surgiu em meio ao crescimento da chamada bancada da segurança pública no Congresso, especialmente impulsionada pelo bolsonarismo. “A ideia nasceu a partir do aumento dessa bancada, que vem crescendo desde 2004, 2006, até mais de 30 deputados eleitos em anos recentes. O objetivo foi entender como esses parlamentares atuam em pautas corporativas e sociais, além do punitivismo”, disse.
A pesquisa durou cerca de quatro anos e envolveu disciplinas, atividades extracurriculares e a redação de uma tese que se configura como um estudo abrangente sobre a intersecção entre segurança pública e política.
Com a defesa aprovada, Fabrício Rosa agora soma ao currículo a titulação de doutor.
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