Exoneração de Weintraub do Ministério da Educação é publicada em edição extra do Diário Oficial

20 junho 2020 às 13h35

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Edição extra do “Diário Oficial” só foi ao ar depois de divulgada a chegada de Weintraub aos Estados Unidos – o ex-ministro responde a dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal
A exoneração de Abraham Weintraub do cargo de ministro da Educação foi oficializada em edição extra do “Diário Oficial da União”, publicada pouco antes das 12h deste sábado (20). O ex-ministro já havia anunciado sua decisão nesta quinta-feira, 18, em vídeo ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Com sua saída, assume interinamente como ministro o secretário-executivo Antonio Paulo Vogel.
Abraham Weintraub chegou na manhã deste sábado a Miami, segundo a assessoria do Ministério da Educação. Como ministro de Estado, Weintraub tem passaporte diplomático, o que facilitaria o acesso a outros países, mesmo com as restrições motivadas pela pandemia do novo coronavírus. No já mencionado vídeo, Weintraub anunciou que assumirá um cargo de diretor no Banco Mundial.
O ministro da Educação, em razão das ofensas ao Supremo, foi incluído no inquérito que apura a disseminação de fake news pelo relator, ministro Alexandre de Moraes. Em reunião ministerial em 22 de abril, ele afirmou: “‘Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
O ex-ministro responde a outro inquérito no Supremo, este a pedido da Procuradoria-Geral da República, para apurar suposto crime de racismo. Em abril, Weintraub publicou mensagem em uma rede social indicando que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise do coronavírus. Na mesma postagem, ele ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, trocarem a letra R pela letra L.
Weintraub já havia afirmado em suas redes sociais que pretendia sair do Brasil “o mais rápido possível”. Nesta sexta-feira (19), o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) pediu ao STF a apreensão do passaporte de Abraham Weintraub e a proibição de que ele saísse do país. No documento, endereçado ao ministro e relator Alexandre de Moraes, o parlamentar argumentou que, como investigado no STF, Weintraub não poderia se ausentar do país.
“O investigado possui notável papel de liderança na incitação de grupos de ódio. Basta lembrar que foi carregado por apoiadores ao prestar depoimento exatamente sobre os fatos objeto do presente inquérito. Assim, não há razão para crer que a conduta no exterior – fora da jurisdição desse Tribunal – será diferente”, diz trecho do pedido de Contarato.
Deputados do PT também pediram nesta sexta (19) a retenção do passaporte de Abraham Weintraub. O pedido também foi endereçado ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Assinam o documento os deputados Rogério Correia (PT-MG), Padre João (PT-MG), João Daniel (PT-SE), Alencar Santana (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS). Os parlamentares argumentam que a saída de Weintraub do país poderá dificultar o andamento das investigações.