EUA censuram programa de Jimmy Kimmel após comentário sobre Charlie Kirk e Trump comemora; ação gera onda de revolta

18 setembro 2025 às 12h16

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A rede americana ABC anunciou a suspensão por tempo indeterminado do programa “Jimmy Kimmel Live!”, que estava no ar há mais de 20 anos, após declarações do apresentador sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk. A decisão, imediatamente celebrada pelo presidente Donald Trump, provocou reação de democratas, artistas e defensores da liberdade de expressão, que classificaram a medida como censura.
A suspensão foi confirmada oficialmente pela emissora. Um porta-voz afirmou: “’Jimmy Kimmel Live’ será suspenso por tempo indeterminado”, mas evitou detalhar se a decisão representa um cancelamento definitivo. A operadora Nexstar também se posicionou, declarando que “se opõe fortemente aos comentários recentes feitos pelo Sr. Kimmel sobre o assassinato de Charlie Kirk e substituirá o programa por outra programação em seus mercados afiliados à ABC”.
Trump comemora e pede mais suspensões
Pouco após o anúncio, Donald Trump comemorou publicamente a decisão e aproveitou para criticar o apresentador. Em sua rede Truth Social, escreveu: “Grande notícia para os Estados Unidos: o programa com problemas de audiência de Jimmy Kimmel foi CANCELADO. Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que precisava ser feito. Kimmel não tem TALENTO NENHUM e tem índices de audiência piores até que os de [Stephen] Colbert — se é que isso é possível”.
Além disso, Trump sugeriu que outros humoristas enfrentem a mesma punição, pedindo a suspensão dos talk shows de Jimmy Fallon e Seth Meyers, ambos exibidos pela emissora NBC. A postura presidencial ampliou o debate sobre possíveis tentativas de silenciamento de críticos de sua administração.
O caso Charlie Kirk e os comentários de Kimmel
O estopim para a crise foi o assassinato do influenciador conservador Charlie Kirk, morto no dia 10 de setembro durante um evento em uma universidade de Utah. Kirk, de 31 anos, discursava em sua conhecida mesa “Me prove que estou errado” quando foi baleado diante de uma plateia. Ele chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu. O suspeito, Tyler Robinson, foi indiciado por sete crimes e poderá enfrentar a pena de morte.
No mesmo dia, Jimmy Kimmel publicou mensagem no Instagram enviando “amor” à família de Kirk e condenando o ataque. No entanto, comentários posteriores durante seu programa foram o suficiente para desencadear a suspensão. O apresentador teria dito, segundo a imprensa americana: “A turma do MAGA está desesperada para caracterizar esse garoto que matou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e fazendo de tudo para tirar proveito político disso. Entre uma acusação e outra, também houve luto”.
Reações de políticos, celebridades e ativistas
A decisão da ABC repercutiu fortemente em Washington e em Hollywood. Para o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a suspensão se deveu a uma campanha republicana coordenada: “um ataque coordenado e perigoso à Primeira Emenda”.
O senador democrata Chris Murphy, de Connecticut, também foi enfático. Em vídeo publicado nas redes sociais, afirmou: “Se vocês não levantarem suas vozes agora mesmo sobre o ataque à liberdade de expressão, sobre a decisão de Donald Trump de, repugnantemente, explorar o assassinato de Charlie Kirk para tentar tornar permanentemente impotentes aqueles que se opõem politicamente a ele, pode não haver democracia para salvar daqui a um ano”.
A atriz Sophia Bush declarou no X (antigo Twitter): “A Primeira Emenda não existe mais na América. Ponto final. O fascismo está aqui e é assustador”. A comediante Wanda Sykes, que participaria do programa na noite da suspensão, ironizou: “Ele [Trump] não acabou com a guerra na Ucrânia nem resolveu a questão de Gaza na primeira semana. Mas acabou com a liberdade de expressão no primeiro ano”.
A atriz Jean Smart, vencedora do Emmy dias antes, disse estar “horrorizada com o cancelamento” e defendeu Kimmel: “O que Jimmy disse foi liberdade de expressão, não discurso de ódio”. Já Jamie Lee Curtis compartilhou uma lembrança de abril, quando o apresentador declarou: “Eu não acredito que alguém deva ser cancelado, eu realmente não acredito”.
Outros nomes também se manifestaram: o cantor John Legend, a atriz Alison Brie, a cantora Halsey, a deputada democrata Jasmine Crockett e o ator Ben Stiller, todos em defesa do apresentador e contra o que consideram censura. Halsey resumiu o sentimento em uma postagem: “Estamos na parte de ‘censura extrema’ e ‘propaganda indistinguível’ do fascismo, caso não tenha ficado claro”.
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