Etanol a R$ 5,27: aumento do combustível em Goiânia gera reclamações entre motoristas
10 dezembro 2025 às 11h47

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Goiânia amanheceu, nesta quarta-feira, 10, com um novo ciclo de insatisfação entre motoristas devido ao aumento do preço do etanol em diversos postos da capital. Em alguns estabelecimentos, o litro chegou a R$ 5,27, valor considerado alto pelos consumidores que dependem do combustível no dia a dia.
Luciano, motoqueiro que trabalha com limpeza de piscinas, relatou ao Jornal Opção que notou um salto repentino no preço. Segundo ele, “aumentou e não teve justificativa por parte do Sindiposto. Eu ouvi falarem que foram os donos dos postos mesmos que fizeram esse aumento. Porque nos interiores tá mais barato e, em Goiânia, os postos estão com esse aumento.”
Entre os motoristas de carro, a queixa é semelhante. O corretor de imóveis Lucas, também ouvido pela reportagem, classificou o aumento como injustificável ao afirmar que “isso é um absurdo, é sem explicação esse aumento. Nós vivemos em um país pobre, como que a pessoa vai conseguir pagar R$ 5,27 por um litro de etanol.”
Já Pedro, motorista de aplicativo, expressou preocupação sobre o impacto direto no valor de seus ganhos semanais. Conforme disse ao Jornal Opção, “tá puxado esse preço, para nós trabalhadores é difícil. Quero ver se encontro um valor mais barato em outros postos”.
Sindiposto atribui alta às distribuidoras
Em entrevista ao Jornal Opção, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, contrapôs a interpretação de que os postos estariam promovendo aumentos injustificados. Segundo ele, o repasse vem ocorrendo devido à elevação semanal dos preços praticados pelas distribuidoras.
De acordo com Andrade, “as distribuidoras vêm, nas últimas seis a oito semanas, aumentando o preço de venda para os postos. E esses reajustes vão sendo absorvidos pela revenda de combustíveis, até chegar um momento onde fica insuportável absorver mais. Os postos repassam esse reajuste que vem da cadeia para o consumidor.”
O dirigente explicou ainda que o período atual coincide com a entressafra da cana, fase em que a produção de etanol diminui. Com menor oferta, o preço naturalmente sobe. Por isso, ele acredita que apenas quando a safra recomeçar, entre março e abril de 2026, haverá espaço para redução nos valores.
Sobre esse comportamento sazonal, reforçou que “esse é um movimento de preços que é normal, acontece anualmente, em função exatamente desse período de safra e entressafra”, lembrando que a expectativa é de uma safra promissora no próximo ano.
Mudança no ICMS em 2026 deve afetar gasolina e diesel, mas não etanol hidratado
Outro ponto que vem gerando dúvidas entre consumidores é a nova alíquota fixa do ICMS para combustíveis a partir de 2026. No entanto, Márcio Andrade esclareceu que essa mudança não deve influenciar o preço do etanol vendido nas bombas.
Ele explicou que “o etanol que vai ter o impacto do imposto é o etanol anidro que é misturado à gasolina. Então, o impacto deverá ser somente na gasolina e no diesel, a partir de janeiro.”
Apesar disso, Andrade ponderou que, caso as usinas decidam reajustar seus preços por fatores de mercado, o valor do etanol pode eventualmente subir, mas não por consequência da mudança tributária.
Efeito dominó no setor depende das distribuidoras e produtores
Questionado sobre o possível impacto do aumento da gasolina e do diesel no comportamento do etanol, o presidente do Sindiposto afirmou que, qualquer correlação, depende do comportamento das usinas e distribuidoras. “Agora a gente tem que aguardar para ver. A gente reflete muito com o comportamento que acontece no atacado. Se o atacado sobe o preço, há a tendência do posto subir também. Se ele baixar o preço, isso vai acontecer no posto também.”
Como economizar diante da alta?
Enquanto não há previsões de redução no preço do etanol, Andrade recomendou algumas práticas que podem ajudar motoristas a reduzir gastos. Conforme explicou, a primeira ação é manter o veículo em boas condições, já que pneus calibrados, revisões em dia e cuidados com o ar-condicionado fazem diferença no consumo.
Ele também orientou o uso de aplicativos oficiais de comparação de preços, especialmente o Economia Online (EON), mantido pela Secretaria da Economia. A plataforma reúne valores atualizados de postos em todo o estado e evita que o consumidor precise circular excessivamente para encontrar preços menores.
Além disso, destacou a importância de abastecer em estabelecimentos confiáveis e lembrou que o motorista pode solicitar análise do combustível no próprio posto, caso deseje verificar teor alcoólico ou conformidade com padrões da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Segundo ele, “existem muitos aplicativos de desconto nos postos, aplicativo das grandes distribuidoras, aplicativos próprios de rede de postos, que concedem condições diferenciadas para aqueles clientes que são fiéis ali. Então tem esses mecanismos de tentar minimizar esse custo do combustível, que está caro.”
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