Estudos mostram que novo coronavírus pode afetar sistema digestivo
12 abril 2020 às 13h01

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Diante dos indícios de pesquisas ainda em andamento em Wuhan, epicentro do surto na China, médicos em Goiás suspenderam alguns procedimentos do trato gastrintestinal para conter avanço de contaminações

Segundo estudos recentes, parte significativa de pacientes infectados pelo novo coronavírus apresentaram sintomas gastrointestinais, como diarreia, vômitos e dores abdominais. Pesquisas ainda em curso apontam que quase 40% de pacientes em Wuhan, epicentro do surto na China, tiveram manifestações no trato digestivo e, até mesmo, apresentaram danos em órgãos.
Para Luiz Henrique de Sousa Filho, médico gastroenterologista e presidente da Sociedade Goiana de Gastroenterologia, os resultados acendem um alerta para os riscos da infecção. “Os sintomas mais frequentes são diarreia e náuseas, mas pode acontecer também discreta elevação das enzimas hepáticas. Isso significa uma lesão do fígado, uma espécie de hepatite discreta causada pelo coronavírus”, informou.
Apesar da maioria dos resultados terem apresentado lesões leves e passageiras, é possível que em alguns casos os danos sejam severos. Além disso, o médico afirma que isso eleva o risco de contágio e seu impacto sobre tratamentos endoscópicos. Estudos mostram o agente viral em fezes de pessoas contaminadas e em células do trato gastrointestinal. Com isso, o coronavírus também pode encontrar naquele ambiente um local favorável para replicação e possivelmente transmissão.
Mesmo após o fim dos sintomas clínicos e de testes negativos com material respiratório do paciente, o vírus pôde ser encontrado nesses órgãos. Por isso, procedimentos endoscópicos eletivos estão temporariamente suspensos. “Só estão sendo realizados procedimentos de urgência ou emergência com todos os EPIs usados pelo profissional que está realizando o exame”, contou o médico. No entanto, hemorragias digestivas, suspeitas de tumor, câncer do trato digestivo ou mesmo tratamento endoscópico dos cânceres em fase avançada não podem ser adiados.
“Nesse caso é possível oferecer uma melhora da qualidade de vida através de procedimentos endoscópicos”, destacou. Entretanto, colocação de balão intragástrico, tratamento de obesidade por via endoscópica e exames para diagnóstico de refluxo ou gastrite não estão sendo realizados pelo risco de contaminação. Tais medidas vem sendo adotadas em combate à Covid-19 pela Câmara Técnica de Endoscopia do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego).
