Estudo aponta que impactos da inteligência artificial no mercado de trabalho ainda são modestos

15 setembro 2025 às 19h40

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Os efeitos da inteligência artificial (IA) sobre o mercado de trabalho não se confirmaram até agora, segundo estudo divulgado pelo Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) de Nova York. A pesquisa, que avaliou empresas da região de Nova York e do norte de Nova Jersey, mostra que a maior parte das companhias relatou poucas demissões, embora haja indícios de mudanças nas formas de contratação e treinamento.
De acordo com o levantamento, 40% das empresas de serviços já utilizam IA em áreas como marketing, análise de negócios, gerenciamento de dados e atendimento ao cliente. Entre elas, apenas 1% afirmou ter realizado demissões nos últimos seis meses por causa da tecnologia — bem abaixo dos 10% que haviam relatado cortes no ano passado. Apesar disso, 13% dizem que pretendem reduzir postos de trabalho no próximo semestre em função da automação. No setor manufatureiro, não foram registradas dispensas nem há expectativa de cortes no curto prazo.
O estudo aponta que, em vez de substituir trabalhadores, muitas empresas têm optado por treinar seus funcionários para uso das ferramentas. Pouco mais de um terço das empresas de serviços e 14% das companhias industriais afirmaram oferecer capacitação nesse sentido. Além disso, cresce a busca por profissionais já familiarizados com o uso da IA.
O impacto também aparece no ritmo de contratações. Cerca de 12% das empresas de serviços que adotaram a tecnologia admitiram contratar menos trabalhadores nos últimos meses. A redução foi mais acentuada em cargos que exigem diploma universitário, o que pode ajudar a explicar as dificuldades relatadas por recém-formados para encontrar emprego. Por outro lado, 11% das empresas de serviços e 7% das manufatureiras afirmaram ter aumentado suas contratações devido à inteligência artificial.
O uso da IA vem crescendo de forma acelerada. Entre as empresas de serviços, o percentual saltou de 25% em 2023 para 40% em 2024, enquanto no setor manufatureiro subiu de 16% para 26%. Já entre aquelas que pagam por ferramentas de inteligência artificial, metade das companhias de serviços e 46% das indústrias relatam uso, ambos em forte alta em relação ao ano anterior.
Os setores mais avançados na adoção são informação, finanças e serviços profissionais e empresariais, com mais da metade das empresas utilizando IA em seus processos. Já áreas como agricultura não apresentaram registros de uso da tecnologia. Educação, saúde, serviços pessoais e varejo aparecem com cerca de um terço das companhias já utilizando as ferramentas.
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