Estudo aponta que em 2060 maioria dos trabalhadores terá mais de 40 anos

04 julho 2023 às 16h15

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A contratação de profissionais com mais de 50 anos está avançando em empresas brasileiras, embora em um ritmo lento. O que antes era considerado apenas uma vertente dos programas de diversidade agora está sendo reconhecido como uma estratégia de negócio, à medida que a população envelhece.
Os dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE na semana passada, revelaram que o crescimento da população brasileira está desacelerando mais rapidamente do que o previsto. Isso tem pelo menos dois impactos diretos no mercado de trabalho, conforme apontado por um estudo inédito do economista Rogério Nagamine, especialista em políticas públicas e ex-subsecretário do Regime Geral de Previdência Social no governo Bolsonaro.
De acordo com o pesquisador, estima-se que o número de trabalhadores disponíveis no país diminuirá 6,3% até 2060, o que resultará em uma perda de aproximadamente 7 milhões de pessoas em relação ao contingente atual de 107,5 milhões.
Em 2060, a idade média dos trabalhadores será de 42,1 anos. No ano passado, a média era de 38,8 anos, apenas pouco mais de dois anos acima da média de 36,9 anos registrada em 2012. O economista afirma que, no início da próxima década, a idade média dos trabalhadores ultrapassará os 40 anos.
Além disso, em 2060, mais da metade (54,4%) da força de trabalho terá mais de 40 anos. No final de 2022, esse percentual era de 45,1%. Em menos de quatro décadas, os profissionais com mais de 50 anos representarão praticamente um terço (32%) da força de trabalho. Atualmente, essa faixa etária corresponde a 22,4% dos profissionais.
Segundo Nagamine, em entrevista ao Globo, o envelhecimento populacional exigirá a implementação de políticas públicas e ações por parte das empresas para enfrentar esse futuro. Será necessário aumentar a produtividade do trabalho e a capacidade dos profissionais de continuarem aprendendo ao longo da vida. Em outras palavras, os trabalhadores precisarão se requalificar constantemente.
“Haverá menos trabalhadores disponíveis, vamos ter que ser mais produtivos para manter o PIB (Produto Interno Bruto), para fazer a economia crescer. O ritmo crescente da mudança tecnológica já demandaria por si só maior aprendizagem ao longo da vida. O envelhecimento da estrutura etária da força de trabalho reforça ainda mais essa necessidade”, destacou Nagamine.
O estudo conduzido por Nagamine utiliza dados provenientes da Pnad Contínua, do IBGE, e tem previsão de publicação na revista acadêmica da Fipe no mês de julho.