As apostilas do estudante de medicina Edcley Teixeira voltaram a apresentar ao menos cinco questões muito semelhantes às perguntas que apareciam nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste domingo, 7, que foram aplicadas pelo segundo dia na Grande Belém.

Em uma das comparações, a questão de química sobre o Gás Natural Veicular (GNV) mostra coincidências evidentes. O enunciado descreve a combustão do metano, indica densidade, composição e pede o cálculo da energia liberada com base em energias de ligação químicas. Até as tabelas apresentadas e alternativas seguem o mesmo formato, com diferenças numéricas mínimas.

O mesmo aconteceu na questão de matemática sobre recipientes cilíndricos, que discute a razão entre raios de dois cilindros, que discute a razão entre raios de dois cilindros com áreas laterais equivalentes e volumes distintos. A versão do material de Edcley reproduza mesma lógica do problema oficial, alterando apenas a ambientação do enunciado – no caso, substituindo o contexto por uma situação de design industrial.

Em outros exemplos, as alterações se limitam a números, figuras, dados ou nomes de variáveis, mantendo o mesmo raciocínio exigido para a resolução.

Diferentemente do restante do Brasil, moradores de Belém, Ananindeua e Marituba (PA) fizeram exames em datas diferentes, com provas distintas, pelo fato de o estado ter sido sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30). Foram 95 mil candidatos participantes.

Em entrevista à Folha, o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Manuel Palacios, afirmou que a equipe iniciou uma avaliação em larga escala assim que surgiram relatos de semelhanças entre questões do Enem e materiais estudados. Palacios disse ainda que as coincidências se devem à memorização de questões pré-testadas pelo Inep e afirmou que o episódio não compromete a segurança nem a validade das notas.

Edcley afirmou ainda que a semelhança entre as questões aplicadas no Pará e o material que produz “não é mágica nem vazamento”, mas “prova da consistência” do método que diz usar.

O universitário nega qualquer vazamento e afirmou, em vídeos no YouTube, basear seus previsões em questões pré-testes oficiais usado pelo Inep para calibrar futuros itens do exame.

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