A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) afirma ter identificado a espuma branca visível no Rio Meia Ponte desde a segunda-feira, 25. Segundo a pasta, o material visto próximo à antiga hidrelétrica do Setor Jaó tem origem na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Hélio Seixo de Brito, operada pela Saneago.

A vistoria foi realizada em 26 de agosto de 2025, após denúncias do Jornal Opção. Durante a fiscalização, técnicos da Semad percorreram quatro pontos do rio, coletaram amostras de água, produziram fotos e vídeos, e mediram parâmetros de qualidade com o uso de uma sonda multiparamétrica. Os resultados revelaram baixo nível de oxigênio dissolvido na água. Vídeos e fotos mostram a formação intensa de espuma no interior da própria ETE.

No dia seguinte à vistoria, em 27 de agosto de 2025, o corpo técnico da Semad reuniu-se com a Saneago. Na ocasião, a companhia confirmou que a espuma estava sendo gerada na estação de tratamento e explicou que o fenômeno ocorreu em função da entrada em operação do novo sistema secundário de tratamento de esgoto, implantado em julho de 2025.

Segundo a Saneago, esse sistema utiliza lodo ativado, processo biológico que aumenta a eficiência do tratamento de esgoto de cerca de 50% para até 92%, quando totalmente estabilizado. A espuma, informou a empresa, decorre da ação das bactérias nesse novo reservatório e da presença de substâncias conhecidas como surfactantes (comuns em detergentes e produtos de limpeza). O efeito visual é intensificado pelo turbilhonamento da água no trecho urbano do rio e pela baixa vazão típica do período de estiagem.

Além do episódio, o manancial, responsável pelo abastecimento de grande parte da Região Metropolitana de Goiânia, enfrenta situação crítica devido à falta de chuvas. Após 56 dias de estiagem, a vazão do rio chegou a 4.786 litros por segundo, o que colocou o Meia Ponte em Nível Crítico 1.

A Saneago destacou que não há uso de produtos químicos adicionais no processo, sendo a ativação do lodo feita apenas pela injeção de oxigênio, e que a tendência é de redução da espuma à medida que o sistema se estabilizar. A Semad agora realiza estudos sobre a concentração de surfactantes lançados no rio, para verificar se estão dentro dos limites estabelecidos pelo Conama e faz novas análises laboratoriais de amostras coletadas. A Secretaria informou que fará novas vistorias no rio.