Especialista diz que venda de vacina por clínicas privadas pode gerar grandes desigualdades no Brasil
04 janeiro 2021 às 18h15

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Enquanto plano de vacinação pelo SUS não é desenvolvido pelo governo, as clínicas privadas já se preparam para comprar no mínimo 5 milhões de doses de imunizante

De acordo com Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), um grupo de clínicas particulares está negociando a compra do imunizante contra a Covid-19 de uma farmacêutica indiana. O acordo com a Bharat Biotech poderia levar à compra de 5 milhões de doses da vacina.
A previsão do setor é começar a vacinação em março. As 200 associadas da entidade, que representam 70% do mercado privado nacional, terão prioridade na aquisição do imunizante.
Contudo, segundo Gonzalo Vecina, médico sanitarista e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre 1999 e 2003, a disponibilidade de uma vacina no setor privado neste momento pode criar uma fila paralela e desigual.
O Ministério da Saúde ainda não definiu uma data para o início da vacinação contra o coronavírus no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Há uma expectativa de que a imunização comece entre os dias 20 de janeiro e 10 de fevereiro. Mas isso depende do registro de uma vacina aqui no País. Até o momento, nenhum laboratório fez o pedido, nem mesmo em caráter emergencial.
De acordo com Vecina, não há na legislação brasileira uma regra que obrigue as clínicas particulares a cumprirem a mesma prioridade de vacinação prevista pelo Ministério da Saúde, como profissionais de saúde e idosos.