Proprietário da rede editorial Capital das Letras, Rafael Saad, fala sobre influência e oportunidades que tecnologias podem trazer para mercado livreiro e para educação

Rafael Saad, empresário do ramo editorial e neto do ex-prefeito de Formosa, José Saad. Foto: Reprodução.

No mês em que é celebrado Dia Nacional do Livro Didático, o proprietário da rede editorial Capital das Letras, Rafael Saad, defente as “cidades inteligentes” e como a tecnologia pode favorecer a educação e o mercado editorial. Para ele, o livro digital tem grandes vantagens, tais como o baixo custo e a forma de armazenamento. Em contraponto, o o livro físico, anteriormente indispensável nas escolas, corre o risco de se tornar obsoleto. O que pode impactar de forma bastante negativa, o mercado editorial no país.

Saad destacou que o sucateamento da educação no país nada tem a ver com a revolução na internet, mas com a falta de interesse do governo em investir numa educação de qualidade.

“Não acredito no fim do livro impresso, mas na convivência pacífica entre conteúdos de diferentes formatos e na mudança de hábito dos leitores. Quem gosta de ler o fará sempre” defendeu Saad.

Para o empresário, quando se trata leituras mais técnicas, livros de consulta e para aplicação profissional, a preferência pelo formato digital é maior, em razão da “facilidade de acessar conceitos e partes específicas do conteúdo com mais agilidade ou até integrá-los a outros produtos”.

Já quando se trata de ficção e obras de interesse geral, a preferência é por livros de papel, pois se tratam de leituras de cabeceira, os quais as pessoas querem ter contato físico, marcar, emprestar.

“Mas, a discussão mais importante não é se o livro impresso será substituído ou não, quando e como. O grande desafio, especialmente no Brasil, é promover uma mudança cultural, para estimular o gosto pela leitura ainda na infância e formar cidadãos leitores, mais críticos e engajados socialmente” completou o empresário.

Dificuldade em acompanhar a tecnologia

Rafael Saad acredita que os profissionais da educação e responsáveis devem se adaptar ao uso da tecnologia para guiar os jovens e as crianças na empreitada. “O importante é que os pais e professores estejam atentos para o uso saudável da tecnologia e que os conteúdos estejam adequados a cada faixa etária, seja impresso ou digital. As crianças e jovens, assim como nós adultos, são encantados com a tecnologia. Mas há espaço para todos os modelos de interação com o conteúdo” destacou.

Uma das dificuldades dos professores é acompanhar essas evoluções tecnológicas, sobretudo em instituições onde falta  estímulo à capacitação e atualização dos profissionais. Saad ressaltou que não se trata apenas de ofertar condições de manuseio desses aparatos, mas de “prepará-los para serem curadores de conteúdos e auxiliarem seus alunos a desenvolverem visão crítica e capacidade de selecionar informações de qualidade em época de fake news e em meio a uma avalanche de textos, vídeos e áudios disponíveis a todo instante nas redes sociais”.

A tecnologia e o mercado livreiro

A discussão sobre a relação entre o mercado editorial e as mídias virtuais se arrasta há anos. Saad defende que a tecnologia apenas soma no mundo dos negócios. Não há como ser prejudicial ou atrapalhar qualquer tipo de negócio. Graças à tecnologia podemos conhecer um pouco mais sobre o comportamento do leitor”.

“É importante que o mercado livreiro se atualize, sendo mais que um espaço de compra de livro, mas de experiências marcantes, onde o consumidor se sinta em casa e possa degustar, lendo, ouvindo ou manuseando o conteúdo seja no livro físico seja na tela do tablet ou celular” frisou.