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Com um colégio eleitoral de 5,12 milhões de pessoas, Goiás possui o maior número de eleitores aptos a votar no Centro-Oeste. O maior polo eleitoral do Estado é a região da Grande Goiânia, que representa 32% do total do eleitorado no Estado. Apenas a capital possui mais de 1 milhão de eleitores, seguida por Aparecida de Goiânia (345 mil) e Anápolis (262 mil).

Enquanto a região Metropolitana possui uma grande representação eleitoral, outras regiões, como o Entorno de Brasília, o Sul e o Sudeste goiano, acabam tendo menos peso nos pleitos eleitorais.

A diferença entre a representação buscada pelas regiões ficaram mais evidentes nas eleições de 2022. A região do Entorno tem uma visão mais governista, devido a alta densidade e o perfil urbano, fez com que o conservadorismo, alinhado com o então governo federal, vencesse a eleição com certa facilidade. Em Luziânia e Valparaíso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) venceu com 56,8% e 60,1% respectivamente. Além disso, é possível observar o aumento no eleitoral da região. Entre 2020 e 2022, houve um aumento de 15% no eleitorado da região, impulsionada pela migração interna.

Já o Sudoeste Goiano, esse impulsionado pela Agropecuária, apresentou um perfil diferente de eleitor. Em 2022, Bolsonaro venceu em Rio Verde com uma pequena margem sobre Lula e em cidades como Mineiros e Caiapônia, o petista venceu, o que indica fragmentação ideológica. Além disso, a existência de lideranças locais em partidos ligados ao centro, com o MDB, indica resistência a alinhamentos automáticos, o que se diferencia do voto “blindado” da Região do Entorno.

Em regiões menores, como o Nordeste Goiano e outras microrregiões, a paisagem política é menos documentada. Dados do Tribunal Regional Eleitoral apontam baixa densidade eleitoral com pouco aumento. O Vale do Paranã, que inclui Posse, por exemplo, teve aumento de apenas 7,2% no eleitorado entre os pleitos de 2020 e 2022. Em 2022, Bolsonaro saiu vitorioso nas eleições na região e, em 2024, municípios elegeram prefeitos de partidos de esquerda. Isso sugere que fatores locais superam tendências regionais.

Ao observar as eleições de 2022, é possível notar a disparidade entre as regiões. O Entorno, por exemplo, aparenta ter tendência mais governista enquanto o Sudoeste mais plural. Isso pode ser reflexo de divisões socioeconômicas. O Entorno, por exemplo, votou em funções de políticas de infraestrutura e segurança, enquanto o Sudoeste priorizou agendas do agro.

Outro ponto a se falar é a abstenção. No pleito mais recente, em 2024, houve número recorde de ausências no Estado. No primeiro turno, 1,19 milhão de eleitores se ausentaram das eleições, o que representa 23,39% do eleitorado do Estado, o que é acima da média nacional (21,71%). Apenas em Goiânia, o número foi de 290 mil no primeiro turno (28,23%), superando os votos de Fred Rodrigues (PL) que saiu na frente no primeiro turno. O cenário no segundo turno foi maior. Na ocasião, 352 mil eleitores se ausentaram, a segunda maior taxa nas capitais no segundo turno.

A tendência ecoou no Estado. Em Anápolis, 28,71% dos eleitores deixaram de votar. Goiás, no pleito, foi o Estado com mais ausências no segundo turno (34.43%). Voltando a Goiânia, as abstenções somadas a brancos e nulos representaram 38,21% do eleitorado, quase equiparando-se aos votos do prefeito Sandro Mabel (UB).

A força de líderes regionais

Em Goiás, dinâmicas regionais costumam a superar as estaduais. Exemplos de políticos como Diego Sorgatto (Luziânia) e Lucas Antonietti (Águas Lindas) vem crescendo no campo político não apenas como gestores, mas como lideranças políticas. Sorgatto, por exemplo, foi reeleito em seu município com 75,32% dos votos válidos, a maior marca da história da cidade. A votação expressiva consolidou Sorgatto como fenômeno na região.

O prefeito de Luziânia tem uma conexão direto com uma região marcada pela explosão demográfica e demandas urgentes na urbanização. Já Antonietti, se projeta, também, como um líder emergente no Entorno, o que pode ser visto como uma sinalização para uma renovação nas lideranças estratégicas da região.

Em microrregiões aparecem nomes como o de Jânio Pacheco, de Ipameri, que demonstra força nas raízes locais. O nome de Jânio aparece na frente em pesquisas pré-eleitorais. Isso se deve a sua liderança na região, já que o prefeito articula apoios com senadores e outros prefeitos para criar um alicerce para sua governança. Além disso, seu alinhamento com o governador Ronaldo Caiado (UB) aumenta sua influência na região.

Outro nome a ser lembrado é o do deputado Célio Silveira que exerce um papel de ponte entre o Entorno e Brasília. Celso atua como “deputado municipalista”, concentrando suas emendas para saúde e infraestrutura. Apenas em 2025, Célio destinou R$ 28 milhões para Goiás. Esse valor, em sua maioria, foi destinado para a Região do Entorno.

Mesmo com a força individual, os líderes enfrentam desafios, como a fragmentação partidária. Sorgatto, por exemplo, passou por 6 partidos em 15 anos. Já Antonietti depende de coligações partidária. Outro problema enfrentado por líderes do entorno é o crescimento acelerado, que exige entregas rápidas em setores vitais, como mobilidade e saneamento.

Essa entrega, no entanto, pode ser facilitada com a atuação de Silveira. Enquanto prefeitos da região buscam recursos em Brasília, o deputado federal disponibiliza esses recursos por meio de emendas parlamentares. O dinheiro, que é utilizado nessas áreas vitais, fortalece politicamente os prefeitos de região.

Em Rio Verde o nome a ser citado é o de Paulo do Vale. O ex-prefeito manteve seu alinhamento com o governo Caiado, indo para a Secretaria de Governo após seu mandato. Durante sua gestão, Do Vale manteve projetos de infraestrutura na região, visando o escoamento da produção agrícola.

Já o ex-deputado José Mário Schreiner, que hoje preside a FAEG, também possui grande influência na região. Durante sua atuação parlamentar, Zé Mario foi uma liderança no agronegócio, que é essencial para o desenvolvimento da região. O ex-deputado atua em financiamentos e articulação nacional em prol da região e, com isso, atende as demandas da população, o que o coloca como um dos grandes líderes do Sudoeste goiano.

Por fim, na região de Catalão, o nome mais relevante é do atual titular da Secretaria de Estado e Infraestrutura (Seinfra), Adib Elias. Médico de formação, Adib foi prefeito do município por quatro mandatos e, mesmo com o desgaste sofrido em seu último mandato, ele foi reconhecido como “o maior prefeito história de Catalão” pelo vice-governador Daniel Vilela. Do partido de Vilela, Adib trabalha, hoje, para consolidar a liderança do vice-governador que é o nome favorito para substituir Caiado em 2026.

Adib não é apenas influente no MDB regional, mas sim em todo o Estado. Sua trajetória possui a transição de líder municipal a ator estadual. A experiência local adquirida durante seus quase 20 anos como prefeito de Catalão o fez criar alianças políticas amplas e o consolidou como um dos maiores líderes políticos do interior do Estado.

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