Em meio a denúncias de crime ambiental, obras da Prefeitura de Goiânia em parque seguem paralisadas
02 junho 2019 às 17h00

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Entenda quais são os principais apontamentos que fundamentam acusações

Menos de um mês após o inicio das obras do Parque Sebastião Júlio Aguiar, no setor Parque Oeste Industrial, denúncias de crime ambiental contra o projeto aprovado pela Prefeitura de Goiânia resultaram na paralisação da obra.
Entre relatórios que demonstram irregularidades e a proposta de um novo projeto, vereadoras e entidades apontam o risco do desaparecimento do que consideram ser o último parque natural da cidade.
A denúncia apresentada pela vereadora Dra. Cristina junta a Delegacia Estadual de repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema) e ao Ministério Público Estadual é fundamentada em relatório formulado por duas entidades ambientalistas. Os documentos apontam que o projeto prevê a drenagem da área do parque, que conta com 29 nascentes.
Em entrevista coletiva sobre o caso a vereadora relata que a obra teria recebido laudos negativos de técnicos da Amma. Entretanto, após o parecer positivo de um único geólogo contratado pelas empresas responsáveis pela obra, o presidente da Amma, Gilberto Martins Marques Neto, assinou a autorização da obra.

“Todas as secretarias funcionam com a famosa caneta, o presidente tem o poder de desconsiderar todo o projeto e tomar uma decisão”, criticou Dra. Cristina.
O presidente da Associação Para Recuperação do Meio Ambiente (ARCA), Gerson de Souza Arrais Neto, um dos responsáveis pelo estudo, sustenta a fala da parlamentar. Para Gerson a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) ignorou laudos técnicos de peritos do Ministério Público de Goiás e da própria agência, adotando um único laudo favorável.
Paralisação das obras
Após a instauração do processo junto à Dema e ao Ministério Público Estadual pedindo que o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de Goiânia realizasse o tombamento da área onde o parque está sendo construído a obra foi paralisada.
“Nós queremos o parque. E é possível fazê-lo sem comprometer as nascentes. A Arca está elaborando um projeto nesse sentido. Não podemos aceitar mais um crime ambiental em Goiânia”, afirmou.
Segunda opção
Um dos coordenadores do BR cidades, Caíque Tomé, entidade aliada à ARCA no estudo sobre a área afirma que após as análises negativas as entidades envolvidas optaram por apresentar uma alternativa que não coloque em risco a manutenção do quadro natural do parque.
“Um dos fatores mais graves foi a falta de discussão sobre o projeto junto à comunidade”, destaca Caíque. Ele afirma que o novo projeto tem como principal objetivo reduzir os danos que possam ser causados à vereda, nome dado ao conjunto de nascentes.
A vereadora Dra. Cristina relata que no novo projeto há algumas mudanças fundamentais como a elevação das pistas do parque para que a drenagem não seja necessária. Também difere do projeto em execução a suspensão da construção de um lago.
Defesa do projeto paralisado
Apesar dos apontamentos feitos pelas entidades juntamente com a vereadora Dra. Cristina, a defesa pool de empresas responsáveis afirmam que há equivoco nos relatórios negativos, afirmando que não há no local as 28 nascentes seriam na verdade 28 afloramentos. Ainda segundo a defesa o projeto está em conformidade com as exigências ambientais
Na quarta-feira o líder da Prefeitura de Goiânia na Câmara, vereador Oséias Varão (PSB), disse ao Jornal Opção que a Amma está inteirada desses assuntos, os técnicos estão envolvidos nisso, e que a proposta está em consonância com o meio ambiente.
“Vamos trabalhar para que o parque seja implementado da melhor maneira possível, atendendo aos interesses do meio ambiente, esse é o foco da administração, e é isso que vai acontecer”, declarou.
Sobre as denúncias de irregularidades feitas pela Arca e pela Dra Cristina em relação à obra o parlamentar reafirmou que o projeto está em consonância com a Lei.