Baixa adesão marca marcha do Grito dos Excluídos em Goiânia

07 setembro 2025 às 11h48

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Enquanto as comemorações oficiais da Independência ocuparam as ruas de diversas cidades do país, Goiânia recebeu neste 7 de setembro a 31ª edição do Grito dos Excluídos, manifestação que reuniu movimentos sociais, entidades populares e lideranças políticas em torno de bandeiras como soberania nacional, democracia, inclusão social e combate às desigualdades.
A vereadora Kátia Maria (PT) destacou que a data foi, por algum tempo, sequestrada pelo bolsonarismo e que agora precisa ser ressignificada. Para ela, não há como falar em independência sem soberania. “Soberania significa autonomia para decidir e também justiça tributária, fiscal e social, para que todos tenham voz e vez”, afirmou.
Ela ressaltou ainda o papel do governo Lula na busca por maior equilíbrio econômico e criticou o atual sistema de impostos, em que, segundo ela, os trabalhadores de baixa renda acabam arcando com uma carga muito maior do que os super-ricos. Kátia também rechaçou a possibilidade de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro: “Quem tentou golpear a democracia brasileira precisa ser penalizado. A história já mostrou que quando não há punição, os golpes voltam a se repetir”.
Já a deputada federal Adriana Accorsi (PT) afirmou que o 7 de setembro é um momento de reafirmar princípios básicos da vida nacional, como democracia e soberania. Para ela, as provas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro são consistentes e devem levar à condenação. “A população brasileira espera justiça, e as evidências reunidas no processo são muito claras”, disse. Adriana também apontou que a condução da pandemia precisa ser analisada judicialmente: “Muitas vidas foram perdidas por omissão e negligência. Esse capítulo da história não pode ficar impune”.
A deputada estadual Bia de Lima (PT) reforçou o caráter popular da mobilização. Para ela, o Grito dos Excluídos é um espaço que reúne diferentes bandeiras, mas com um objetivo comum: dar visibilidade às lutas sociais e às reivindicações da classe trabalhadora. “Nós somos os verdadeiros patriotas, os que lutam pela inclusão social e pelos direitos dos trabalhadores”, declarou. A parlamentar também fez um alerta sobre a necessidade de a esquerda retomar o trabalho de base para reconquistar a confiança da classe trabalhadora. Segundo Bia, muitas vezes, pessoas pobres acabam defendendo pautas da elite por desconhecimento de sua condição social. “É pela educação que vamos recuperar a consciência coletiva e combater as fake news”, avaliou.

O vereador Edward Madureira (PT) lembrou que o Grito dos Excluídos, ao longo de mais de três décadas, pautou avanços significativos no país. Ele citou reivindicações históricas como moradia, acesso à terra, educação, saúde e respeito às populações de rua. Para Edward, a manifestação é fundamental para manter viva a agenda da democracia. “As pautas são complexas, mas se eu tivesse que eleger uma prioridade, seria a defesa da democracia e da soberania do Brasil”, afirmou. Ao comentar o julgamento do ex-presidente, disse que é preciso manter a serenidade institucional: “O Supremo está conduzindo o processo com ampla defesa e contraditório. O Brasil precisa se impor como nação soberana e não se ajoelhar diante de bravatas externas”.
O arcebispo de Goiânia, Dom João Justino, também discursou durante o ato, reforçando a dimensão social e espiritual da mobilização. Ele lembrou que a Igreja se soma ao movimento por justiça, fraternidade e paz, e destacou a necessidade de escutar os múltiplos gritos da sociedade. “Seguimos como cidadãos e cristãos a escutar os gritos de hoje, especialmente dos excluídos e excluídas, e também o grito da terra”, afirmou.
O religioso citou temas como a paz internacional, a justiça fiscal, a luta contra o feminicídio, o combate ao crime organizado, a defesa da educação pública, da reforma agrária e urbana, além da preservação ambiental. “Há gritos contra o racismo, contra os preconceitos, contra a violência. Gritos pela proteção dos biomas, das nascentes de água, contra as queimadas e pela ecologia integral. Todo aquele que grita tem alguma esperança. Cabe a nós transformar essa escuta em solidariedade”, concluiu.
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