Em ano marcado pelo isolamento, Outubro Rosa alerta para necessidade de exames presenciais
03 outubro 2020 às 08h53

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Médico destaca que prevenção passa mais por acompanhamento regular que pelo autoexame
Mês temático mais tradicional na Saúde, o Outubro Rosa se esforça anualmente para conscientizar a população sobre o câncer de mama. Apesar disso, a cobertura de exames que já é baixa em períodos de normalidade, neste ano foi ainda menor, representando risco para a saúde das mulheres.
Ao Jornal Opção, o médico mastologista Frank Braga destaca que é a rotina de autocuidado a melhor forma de prevenção. Para Frank, que preside a Regional Goiás da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), itens como alimentação, atividade física regular e acompanhamento médico salvam vidas do câncer de mama.
Conforme informa o especialista, as ações de conscientização deste ano serão todas online. “O tema da campanha deste ano é ‘Quanto Antes Melhor’, onde iremos falar mais sobre a vida, sobre a importância dos hábitos saudáveis”, destaca o presidente da SBM-GO.
Descoberta tardia
Médico do Setor de Ginecologia e Mama (SGM) do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), Rubens também chama atenção para o fato de que a descoberta tardia aumenta muito os gastos do SUS com o tratamento do câncer de mama, já que prolonga o tempo da mulher nos hospitais especializados.
O estudo do Observatório de Oncologia, que analisou o panorama de atendimento das mulheres com câncer de mama, no âmbito do SUS, entre 2015 e 2019, mostrou ainda que em Goiás 49% dos diagnósticos foram feitos tardiamente e que as mulheres demoraram mais de três meses para iniciarem o tratamento.
O grande problema, ainda segundo o levantamento, não está no intervalo entre a primeira consulta com o médico especialista e o diagnóstico do câncer de mama, mas sim no tempo gasto até que a paciente seja encaminhada para a rede especializada.
Exames
Protagonista de parte das campanhas, o autoexame é visto como insuficiente pelo médico Frank Braga. “É necessário deixar claro que ele não tem impacto na sobrevida. Quando a mulher nota um nódulo palpável o estágio já é bem mais avançado que o impalpável, localizado na mamografia”, considera o especialista.
Para o médico, a cobertura de exames segue baixa por questões como a falta de acesso. “Equipamentos nós temos o suficiente para atender toda a população. O que ocorre é que vários municípios ficam distantes de locais equipados”, detalha, informando que a atual taxa de cobertura no Estado é de 12%, bem abaixo dos 70% a que recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O médico elenca principais dicas de atenção para os diferentes perfis de mulheres. “Para as pacientes que estão em tratamento é extremamente importante a continuidade do tratamento, assim como para as que estão investigando nódulos. Agora para as assintomáticas deve-se observar a rotina de cuidados”, diz Frank, que ainda chama atenção para as condições apresentadas pelas clínicas atualmente, que estão obedecendo os protocolos sanitários para atender a demanda de mamografias.