Desde o último sábado, 23, psicólogas e psicólogos participam das eleições do Sistema Conselhos de Psicologia 2025, processo que se estende até a próxima quarta-feira, 27. A votação, realizada de forma totalmente on-line, definirá os representantes da categoria em âmbito federal e regional pelos próximos três anos, com base nas diretrizes estabelecidas no 12º Congresso Nacional da Psicologia (CNP). Em Goiás, duas chapas estão na disputa: a Chapa 11 – Avançar e a Chapa 12 – Plural Psi.

O Jornal Opção entrou em contato com integrantes da Chapa 11 para conhecer suas propostas, ouvir seus diferenciais e entender os motivos pelos quais o grupo se apresenta como alternativa à atual gestão, que está no comando do Conselho Regional de Psicologia de Goiás (CRP-09) há mais de 15 anos.

Origem da Chapa Avançar

À frente da Chapa 11 está a psicóloga Jéssica Florinda Amorim, nome apontado como principal referência para assumir a presidência do CRP-09. Reconhecida pela representatividade e atuação dentro da profissão, ela enfatiza que o movimento nasceu em 2019, com o objetivo de ser uma oposição à gestão que busca agora renovar o mandato pela quarta vez consecutiva.

Segundo Jéssica, a permanência de um mesmo grupo por período tão longo “não é positiva e atrasa o desenvolvimento da psicologia em Goiás”. Em entrevista ao Jornal Opção, ela afirmou que “a Chapa Avançar cresce de uma oposição, de uma vontade de fazer diferente e com a ideia de modernizar, de trazer um movimento super novo para psicologia.”

Quem compõe a chapa

A Chapa Avançar reúne 26 integrantes, distribuídos em diferentes regiões de Goiás. De acordo com Jéssica, a pluralidade da composição é um dos pontos fortes, já que reúne especialistas com experiência na gestão anterior, embora muitos tenham se desligado no passado por discordarem dos rumos da atual administração.

“Nós somos profissionais que estamos preocupados, de fato, com a psicologia como profissão. Nós queremos fazer com que a psicologia seja vista, que a psicologia seja reconhecida, tanto pelos pares, tanto pela comunidade, tanto pelo legislativo”, afirmou.

Entre os participantes está o psicólogo Kássio Kran, de Ceres, fundador do Instituto Ubuntu e representante do Vale do São Patrício e do Norte Goiano. Kran reforça que a proposta do grupo é descentralizar as ações do conselho, ampliando sua presença nos municípios do interior.

Para a reportagem do Jornal Opção, ele relembrou a tentativa anterior de disputar as eleições: “Já é a segunda vez que a gente se junta para fazer essa chapa. Três anos atrás a gente se reuniu, criou a ideia da chapa, concorreu e perdemos por 14 votos. E aí a nossa ideia é que o pessoal que está na gestão já está lá há 15 anos. E a classe se queixa muito, a classe reclama muito, aí a gente já está cansado também da forma como o conselho é conduzido.”

Entre os nomes citados como integrantes da chapa também estão os psicólogos Fernando Gobbato, Érico Netto, Michelle Branquinho, Maria Regina e Larissa Rodrigues, além de outros profissionais de diferentes regiões.

Propostas e prioridades

O grupo estruturou suas propostas em eixos considerados urgentes para melhorar a atuação do CRP em Goiás. A primeira frente é a de atendimento digno e acessível, que inclui a criação de um canal de atendimento via WhatsApp com prazo de resposta de até 48 horas úteis, a implantação de um sistema de protocolo digital para rastreamento de solicitações e a melhoria do atendimento telefônico e por e-mail com suporte de equipe técnica qualificada.

Além disso, a chapa pretende investigar os motivos da não construção da nova sede do CRP, promessa feita há mais de 15 anos e nunca concretizada. “Queremos entender por que não foi feito, quais são os impedimentos e tirar essa ação do papel”, destacou Jéssica Amorim.

Outro compromisso assumido é a realização de uma consulta pública com a categoria, para identificar as necessidades mais urgentes da profissão. A ideia é construir coletivamente a agenda de prioridades do conselho, com medidas que apoiem desde profissionais em início de carreira até os mais experientes.

Para Kássio Kran, um dos maiores diferenciais é levar o conselho para além da capital. “Não é só em Goiânia que existem psicólogos. São 15 mil profissionais cadastrados em todo o estado, que precisam de atenção e suporte”, pontuou. Ele ressaltou a importância de realizar mutirões de escuta, orientação e formação no interior, além de criar subsedes regionais para garantir presença contínua do CRP em Goiás.

O psicólogo também destacou a necessidade de ampliar a articulação política: “O órgão é um órgão político, podemos dizer dessa forma, não partidário, não de esquerda ou de direita, mas humanista. Então precisamos nos aproximar dos deputados e das prefeituras, porque existe muito mando e desmando contra os psicólogos e psicólogas nas prefeituras. (…) Esse diálogo também pode ser estabelecido com os deputados federais do Estado para que a gente articule piso salarial, a questão das 30 horas e outras coisas mais.”

Transparência e fortalecimento da categoria

Outro ponto destacado com importância é a transparência na gestão. A Chapa 11 se compromete a publicar relatórios periódicos de prestação de contas, divulgar como os recursos da anuidade são aplicados e reformular os canais de comunicação para facilitar o acesso às informações.

A chapa também planeja a criação de um clube de benefícios para profissionais inscritos, com descontos em serviços, capacitações e bem-estar, além de ações de suporte técnico e orientação sobre ética, contratos, precificação e comunicação. 

Entre as propostas, destaca-se ainda o compromisso de fortalecer a presença pública do CRP, defendendo a Psicologia em pautas sociais e institucionais, com base em direitos humanos, ciência e responsabilidade social. A ideia é intensificar campanhas educativas para que a sociedade compreenda melhor o papel da(o) psicóloga(o) em áreas como saúde, educação, trânsito, assistência social e sistema prisional.

Jéssica Amorim reitera que, se eleita, assumirá a presidência do CRP-GO. No entanto, os demais cargos de direção e comissões serão definidos coletivamente após o resultado, preservando o espírito de gestão participativa. “Se eleitos, eu serei a presidente do Conselho Regional de Psicologia”, confirmou.

Ao longo da campanha, os integrantes da Chapa Avançar têm enfatizado a importância da alternância de poder e de um conselho mais plural. Para eles, a mudança é necessária para fortalecer a profissão, ampliar a representatividade e garantir que o órgão esteja alinhado às necessidades da categoria.

A eleição ocorre em formato online, por meio do site eleicoespsicologia.org.br, em cumprimento ao Regimento Eleitoral estabelecido pela Resolução CFP 10/2024. Psicólogos e psicólogas de Goiás podem votar até o dia 27 de agosto, quarta-feira, e, até lá, os psicólogos de Goiás poderão escolher entre a Chapa 11 – Avançar e a Chapa 12 – Plural Psi. O resultado definirá quem comandará o Conselho Regional de Psicologia pelos próximos três anos.

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