A possível queda do dólar e o esperado afrouxamento da política monetária nos Estados Unidos podem abrir espaço para o Banco Central do Brasil reduzir a taxa Selic já no final de 2025, segundo o economista André Perfeito, de 47 anos. Atualmente, a taxa básica de juros brasileira está em 15% ao ano.

De acordo com Perfeito, em entrevista ao Poder360, dois fatores principais podem influenciar um ciclo de redução da Selic em 2025:

  • Redução da taxa de juros nos EUA: “O mercado norte-americano já precifica cortes de juros até o fim do ano. Isso está implícito nos preços dos ativos”, explica o economista. A Fed (Federal Reserve) mantém hoje sua taxa entre 4,25% e 4,50% ao ano.
  • Desvalorização do dólar: O dólar caiu mais de 12% frente ao real no primeiro semestre de 2025, fazendo com que o real fosse a 8ª moeda mais valorizada do mundo no período. “Não é o real que ficou forte, é o dólar que enfraqueceu”, comenta.

Segundo Perfeito, o enfraquecimento do dólar está ligado à política econômica do presidente dos EUA, Donald Trump, especialmente às tarifas de importação. “Se o governo norte-americano tributa em 30% as importações, mas o dólar se valoriza na mesma proporção, o impacto real é nulo. Para o plano de Trump funcionar, o dólar precisa enfraquecer”, analisa.

Juros altos têm impacto negativo na economia brasileira

O atual patamar elevado da Selic, afirma Perfeito, tem pesado no endividamento de famílias e empresas. “O Brasil está cobrando um preço alto. Até me surpreende a economia continuar crescendo”, diz.

Ele acrescenta que o Brasil se destaca em meio ao cenário global: “O mundo está tão desorganizado que o Brasil pode ganhar por W.O. Temos uma economia diversificada, superávit comercial e estabilidade relativa.”

O IPCA-15, prévia da inflação oficial, fechou junho em 5,27%, abaixo dos 5,40% de maio. A composição do índice também agradou. “A inflação veio com menor dispersão e com alimentos mais comportados. Isso mostra que a política monetária já surtiu efeito”, avalia.

Outras análises de André Perfeito:

  • Fim do IOF: “A derrota do Haddad é também do governo como um todo. Há falta de coordenação entre Planalto e Congresso.”
  • Judicialização e tensão institucional: “O nível de tensão entre os Poderes já está alto. Não sei como poderia piorar.”
  • Aumento no número de deputados: “Vai gerar custos em cascata, inclusive nas assembleias estaduais. O Congresso não colabora com as metas fiscais.”
  • Eleições de 2026: “Há quem acredite, e eu concordo, que Lula não se reelegerá. Mas um presidente de direita com o Congresso atual enfrentará enormes dificuldades.”
  • Preço do petróleo e geopolítica: “Se o Irã fechar o Estreito de Ormuz, o barril pode chegar a US$ 100. Isso pode até beneficiar o Brasil no curto prazo, dada nossa produção interna.”

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