Declaração foi concedida durante entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”. Na ocasião, a presidente também comentou sobre a possibilidade de integrantes de seu governo estarem envolvidos em esquema de propina na Petrobras

A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff (PT), em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, afirmou nesta segunda-feira (8/9) que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não ficará no cargo em um eventual segundo mandato. “O Guido já me comunicou que ele não tem como ficar no governo em um segundo mandato por razões eminentemente pessoais que peço que vocês respeitem”, garantiu.

A possibilidade já havia sido aventada pela presidente na última semana, quando disse que faria mudanças em sua equipe de governo, caso fosse reeleita. Questionada sobre possíveis mudanças no cenário econômico brasileiro com a saída de Mantega, Dilma disse que mudanças ocorrerão, mas não necessariamente devido à saída do ministro. “O País se preparou para essas mudanças. Temos condições de diminuir alguns incentivos e outros não. Vamos continuar a garantir emprego e valorização do salário mínimo”, sustentou.

Sobre a possível nomeação de um novo ministro, Dilma ponderou que não anunciará um novo nome porque “dá azar”. “Não vou nunca dizer quem vai ser ministro no meu segundo mandato. Quero te dizer que eu acredito piamente que o Brasil vai entrar em uma nova fase. Temos todas as condições robustas para passar por uma nova fase”, disse, mencionando o que ocorreu no pleito municipal de São Paulo em 1985, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso posou para um foto na cadeira de prefeito um dia antes das eleições, e acabou sendo derrotado.

Petrobras

Durante a mesma entrevista, a presidente afirmou que jamais imaginou existir “malfeitos” em negócios envolvendo a Petrobras durante seu mandato e também no período em que esteve à frente do Conselho de Administração da estatal. Dilma informou que irá recorrer ao Superior Tribunal Federal (STF) para averiguar a possibilidade de envolvimento por parte de integrantes de seu governo em denúncias resultantes de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso no Paraná.

Em reportagem da revista “Veja”, Costa cita como beneficiários de propina em esquema na Petrobras o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), e os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Alves (PMDB-RN), além de outros políticos do PT e do PP.

Ainda sobre a questão, Dilma afirmou que não tomará nenhuma medida baseada apenas em reportagens e irá aguardar o compartilhamento de informações por parte da Polícia Federal e do Ministério Público. “Sou presidenta da República, tenho que acatar as informações da Polícia Federal, do Ministério público. […] Eu não quero dentro do meu governo qualquer pessoa que esteja comprometida com mal feito. A imprensa não tem um foro inequívoco para dizer quem eu posso ter ou não. Eu quero a informação a mais profunda possível”, avaliou.