Em queda, a porcentagem de adultos fumantes no Brasil atingiu 9,1% da população em 2023, uma redução de 6,6% se comparado ao ano de 2008. Entretanto, novas modalidades do tabaco como vapers e narguilés trouxeram à tona uma nova preocupação, principalmente entre os mais jovens.  

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Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil gasta cerca de R$ 125 bilhões anualmente com despesas médicas e em perda de produtividade provocadas pelo tabagismo. Para orientar e conscientizar a população, a OMS e seus parceiros em todos os lugares comemoram todos os anos no dia 31 de maio, nesta sexta-feira, o Dia Mundial Sem Tabaco, destacando os riscos à saúde associados ao uso do tabaco.

A médica pneumologista Natália Carelli explica que o cigarro é uma droga – assim como o álcool – legalizada, mas com um nível de dependência alarmante, considerada uma porta de entrada para outras dependências químicas ilegais. A especialista afirma que alguns fatores podem levar ao consumo e ao vício. 

“O mau exemplo, a busca de sociabilização dos jovens, a ansiedade, o estresse, além do livre comércio do tabaco, seguem estimulando o tabagismo, em detrimento da consciência dos seus malefícios para a saúde. Precisamos trabalhar desde a educação de crianças e jovens, a proibição do comércio indiscriminado, além de uma ampla rede de apoio e saúde para ajudar a romper a dependência”, disse.

De acordo com a médica, o cigarro libera substâncias químicas, capazes de alterar o funcionamento de várias partes do corpo. No caso dos vapers, não é só a nicotina a vilã; outras substâncias químicas adicionadas (propilenoglicol e glicerina, por exemplo), a própria bateria que libera lítio e níquel no vapor, causan sérias consequências para o corpo. 

“Edema pulmonar, lesões agudas de vias aéreas, linfoma, leucemia, câncer de boca, câncer de laringe, câncer de estômago, câncer de pulmão, aumento da pressão arterial, infertilidade, queimadura de pele”, explicou.

Crianças e adolescentes 

Menores de idade, como crianças e adolescentes, também são vítimas do uso de produtos de tabaco. De acordo com a OMS, os cigarros eletrônicos e as informações enganosas da indústria do tabaco são uma ameaça, levando a uma iniciação ao tabagismo cada vez mais precoce. Além disso, crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de fumar cigarros mais tarde na vida. 

De olho nisso, o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA) lançaram uma campanha para conscientizar os jovens. Por meio de uma linguagem moderna, a campanha visa promover uma mudança de comportamento, além de proteger as novas gerações dos perigos do uso do tabaco, alertando sobre as táticas da indústria para atrair crianças e adolescentes, com interesse em garantir e ampliar seu mercado consumidor.

“O Dia Mundial Sem Tabaco de 2024 destaca a proteção das crianças contra a influência prejudicial da indústria do tabaco. Focar nas crianças é crucial, pois são especialmente vulneráveis e representam o futuro. Ao educá-las e fortalecê-las contra a pressão do tabagismo, investimos na saúde de amanhã. Além disso, ao envolver as crianças, impactamos suas famílias e comunidades, ampliando nosso alcance na prevenção do tabagismo”, salientou o diretor-geral do INCA, Roberto Gil.

Ações do Ministério da Saúde

No Brasil, o percentual de pessoas que fazem uso diário de cigarros eletrônicos é muito inferior aos de países onde os DEFs são liberados. Desde 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou resolução proibindo a comercialização, fabricação e publicidade desses aparelhos no Brasil. Em abril último, a Anvisa endureceu ainda mais a regra,

A nova Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 855/2024 da agência, além de proibir a fabricação, a importação, a comercialização, a distribuição, o armazenamento, o transporte e a propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar, reforça a proibição de seu uso em recintos coletivos fechados, públicos ou privados.

O Ministério da Saúde, por sua vez, coordena o Programa Nacional de Controle do Tabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS). Vinculado ao INCA, que gerencia as ações de controle do tabagismo no país, o programa tem sido bem-sucedido ao reduzir o número de usuários de tabaco e, consequentemente, o número de mortes relacionadas ao consumo de seus derivados.