Dia Internacional das Pessoas com Deficiência: reabilitação e readaptação vai além do físico
03 dezembro 2025 às 13h13

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Há quase um ano, o pedagogo, Adriano Ramos, de 50 anos, faz tratamento de reabilitação no Crer. Natural de Brasília, o servidor público da Educação em Goiânia faz uso da cadeira de rodas, após uma lesão medular. Ter que aceitar a condição de deficiência no início foi muito difícil.
“Tive que fazer uma cirurgia na coluna, na L12 – era hérnia de disco. Depois da cirurgia, fiquei com uma lesão medular e não tem sido fácil. Mas, hoje, já internalizei que é o momento. E que estou no lugar perfeito para que eu possa reverter esse quadro”, afirma emocionado ao Jornal Opção.
Duas vezes por semana, o paciente vai ao Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) para fazer diversas terapias de reabilitação. Durante essa jornada o que ele mais percebeu que melhorou foi a autoestima.
“A gente chega aqui cabisbaixo e em uma situação de acamado. Hoje estou muito melhor, mais incorporado. Não estou 100%, mas creio que estou 70% do que eu era”, diz confiante.
O Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, o equivalente a 7,3% da população, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Goiás, 16% dos domicílios possuem ao menos um morador com deficiência. Esses números reforçam a urgência de um ambiente social preparado para garantir independência e direitos.

Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 3 de dezembro como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. A data visa promover conscientização e ações de inclusão para essa população. Em Goiás, o Crer é referência nacional e internacional no atendimento a pessoas com deficiências físicas, auditivas, visuais e intelectuais.
Em entrevista para o Jornal Opção, a médica fisiatra, Carolinne Borges, o dia de hoje busca também dar visibilidade a essas pessoas.
“O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é importante porque a gente lança luz nessas pessoas e, a partir daí, a gente consegue enxergar uma vida comunitária em que, realmente, se faz inclusão e se tem acessibilidade para elas”, explica.
A médica pontua ainda que a reabilitação é um processo contínuo, que acompanha a pessoa em todas as fases da vida. Segundo ela, o objetivo é sempre “devolver o máximo de função possível ao paciente”.
O foco é sempre a independência modificada, que começa em detalhes. A terapeuta ocupacional, Giovana Mendes, explica que as adaptações mais impactantes são as de higiene: “Escovar os dentes sozinho é uma das principais conquistas de quem está iniciando o processo de readaptação”.
Políticas públicas

Um dos focos de atuação do Crer, em parceria com o Fórum de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS (Fimtpoder), é o Emprego Apoiado. Esta metodologia busca a inclusão sustentável, focando nos talentos da pessoa e na necessidade de apoio, visando não apenas cumprir a Lei de Cotas nº 8213/1991 (que exige de 2% a 5% de vagas para PCD em empresas com mais de 100 funcionários), mas garantir a plena capacidade produtiva.
O Crer também atua na orientação sobre direitos essenciais para pacientes, como: CadÚnico; cartão de estacionamento; passaportes (municipal, intermunicipal, interestadual); ID Jovem e outros que podem ser emitidos no Dia C da Cidadania – ação recorrente voltada para o exercício pleno da cidadania dos usuários do hospital.
O panorama educacional também reforça a urgência da inclusão: apenas 25,2% das pessoas com deficiência no Brasil concluíram o ensino médio, contra 53,4% das pessoas sem deficiência, evidenciando as barreiras estruturais que precisam ser superadas por meio de políticas públicas eficazes e do engajamento social.
Para isso, o Curso de Formação em Adaptação Curricular para Professores é ofertado anualmente para docentes das redes pública e particular de ensino de Goiás. A iniciativa teve como objetivo promover o entendimento sobre o diagnóstico básico de autismo e deficiência intelectual, apresentar metodologias de intervenção amplamente utilizadas e discutir práticas pedagógicas adaptadas que favorecem a inclusão escolar.
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