A retirada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes da lista de restrições da Lei Magnitsky representa uma derrota conceitual para a direita radical. Os erros estratégicos — leia-se sobretaxas aos produtos brasileiros e a restrição aos ministros da Suprema Corte — quase levaram o Brasil e Estados Unidos para o buraco, mas a derrota política foi e será ainda mais grandiosa para o clã que se vê cada vez mais acuado e enfraquecido.

Primeiro, fracassou a tentativa de impor sanções econômicas ao país por meio de uma intensa articulação de Eduardo Bolsonaro (PL) e Paulo Figueiredo, neto do último presidente do período da ditadura militar. Com a queda da ação pessoal e vingativa da família Bolsonaro contra Moraes, restou colocar a culpa na militância que, de saco cheio, já não suporta mais esperar por mais 72 horas.

Pelo X, Eduardo e Figueiredo compartilharam a mesmo nota pública lamentando que a “sociedade brasileira, diante da janela de oportunidade que teve em mãos, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas”.

Reviravolta

Chamado de “anão político” pelo clã Bolsonaro, o que é uma inverdade e um erro histórico, o presidente Lula (PT) articulou diretamente pela derrubada de ambas as restrições. Além do êxito econômico, colherá frutos políticos do desfecho dessa batalha nas eleições de 2026.

Não é para menos, a imposição da sobretaxa de até 50% sobre produtos brasileiros gerou um impacto econômico no Brasil, de forma até mais suave que o espero pelos próprios norte-americanos e bolsonaristas, mas atingiu em cheio o coração do capitalismo global. As medidas contra o Brasil se voltaram aos próprios americanos e ameaçou as eleições e meio de ano, previstas para ocorrer 3 de novembro de 2026.

Vale mencionar que durante todo o período de restrições, individuais ou que afetaram o país como um todo, o núcleo bolsonarista apostava em arrocho das medidas. Faltou leitura e articulação política, faltou leitura econômica, faltou entendimento mínimo das relações internacionais. Faltou entender a grandeza que o Brasil tem diante de um mundo globalizado altamente dependente das commodities brasileiras.

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