A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira, 19, a operação Galho Fraco, que investiga desvio de recursos de cotas parlamentares, com foco nos deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

A ação tem como ponto de partida a operação realizada há exatamente um ano, em 19 de dezembro de 2024, quando a PF mirou assessores dos dois parlamentares. Na época, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou mandados de busca contra os deputados, decisão acompanhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo a PF, a investigação avançou com base em mensagens de celular, depoimentos e quebras de sigilo obtidas com os assessores, que revelaram indícios contra os parlamentares. O esquema envolveria agentes públicos e empresários em um “acordo ilícito” para desviar recursos das cotas parlamentares por meio de contratos falsos com locadoras de veículos.

Na operação desta sexta, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, autorizados pelo STF. A ação é um desdobramento da operação Rent a Car, deflagrada em dezembro de 2024, que apura peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Cota parlamentar é um valor mensal destinado a despesas do mandato, como passagens, hospedagem, alimentação, manutenção de escritório e contratação de serviços, além do salário dos deputados.

O Jornal Opção entrou em contato com o gabinete dos parlamentares, mas não obteve resposta.

Quem são os deputados

Sóstenes Cavalcante

Líder evangélico da Assembleia de Deus, Sóstenes Cavalcante é conhecido por sua atuação contra o aborto legal. Ele é autor de projeto de lei que equipara a interrupção da gravidez após a 22ª semana ao crime de homicídio, podendo gerar pena de 6 a 20 anos de prisão para a mulher, enquanto o crime de estupro de adulto prevê pena máxima de 10 anos. O projeto foi acelerado na Câmara após decisão do STF sobre assistolia fetal.

Teólogo formado pela Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil, Cavalcante cumpre seu terceiro mandato e ocupa atualmente o cargo de 2º vice-presidente da Câmara. Foi presidente da Frente Parlamentar Evangélica, conhecida como Bancada da Bíblia, integrou a tropa de choque de Eduardo Cunha e votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e da reforma trabalhista. Hoje, faz parte da oposição bolsonarista.

Carlos Jordy

Carlos Roberto Coelho de Mattos Júnior, conhecido como Carlos Jordy, nasceu em 8 de fevereiro de 1982, em Niterói (RJ). Cumpre seu segundo mandato como deputado federal, tendo recebido 114 mil votos em 2022. Antes de chegar a Brasília, foi vereador de Niterói (2017–2019) e candidato a prefeito da cidade em 2024, obtendo 42,8% dos votos válidos.

Jordy começou a vida profissional como garçom e atendente de restaurantes em Balneário Camboriú (SC) e também atuou como funcionário público em São Gonçalo (RJ). O deputado já se envolveu em polêmicas: em 2021, foi condenado a pagar R$ 35 mil ao influenciador Felipe Neto após associá-lo ao massacre de Suzano; e em 2023, um assessor seu se envolveu em tumulto durante ato no Senado, episódio que gerou confusão entre parlamentares.