Deputados acusam Caiado de manobra eleitoreira e de fazer “política rasteira”
28 junho 2018 às 12h31

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Parlamentares reagem com repúdio à tentativa do senador de impedir operação de crédito que beneficiará municípios

Parlamentares goianos têm reagido com repúdio à ação de Ronaldo Caiado (DEM), no Senado, de encaminhar requerimento para exigir explicações do ministro da Fazenda e do presidente da Caixa Econômica Federal sobre o que ele considera empréstimos irregulares ao Estado de Goiás. Os políticos acreditam que o senador tenta distorcer os fatos e prejudicar Goiás com objetivos eleitoreiros, sob alegações infundadas.
Presidente da Comissão de Finanças da Assembleia, o deputado estadual Francisco Júnior (PSD) acha que a ação do senador Ronaldo Caiado, de tentar impedir a operação de crédito de R$ 510 milhões da Caixa para o governo de Goiás, é um indicativo que clima eleitoral está norteando suas ações.
“A partir de agora, tudo que acontecer na gestão passa a ser argumento eleitoral, infelizmente. No Brasil, há uma dificuldade muito grande de se separar o governo do estado, é uma questão cultural”, diz. “Por isso a população deve estar sempre muito atenta, esclarecida, sobre o que são ações de gestão e o que são ações políticas. Um empréstimo não é uma ação política e sim de gestão”, pontua o parlamentar.
Francisco Júnior assinala ainda que os critérios rígidos para concessão de empréstimos são estabelecidos por quem empresta, com objetividade. “Existe no Brasil um critério econômico. A Secretaria de Tesouro Nacional estabelece uma série de exigências. É preciso que se demonstre condições financeiras. Então, se o Estado tem, é uma questão técnica. Ele cumpre suas obrigações, investe e melhora a qualidade de vida do cidadão”, frisa o deputado estadual do PSD. Francisco Júnior afirma ser desnecessário constranger as autoridades financeiras por causa de assunto tão técnico, uma operação de rotina.
Quem também mostra indignação com a atitude do senador Caiado é o deputado Lissauer Vieira (PSB). “Se a Caixa, com todos os critérios, aprovou os empréstimos, quem somos nós, ou quem é ele, para questionar? As eleições se avizinham e isso nada mais é do que discurso eleitoreiro, para atrapalhar. Repudio isso. Por conta de um processo eleitoral, tentar impedir investimentos no Estado, não é prática política que deve ser feita”, afirma.
Lissauer também aponta que o Estado tem crédito para solicitar os empréstimos. “Tem prerrogativas para isso. O governador sabe o que está fazendo, a Secretaria da Fazenda sabe o limite prudencial, tanto que a Caixa e o governo federal autorizaram”, pontua. “Nós, como bons goianos, queremos ver nosso Estado se desenvolvendo, investindo em infraestrutura, que é importantíssima inclusive para o setor representado pelo senador, a agropecuária”, enfatiza o deputado estadual do PSB.
O deputado Marlúcio Pereira (PRB), por sua vez, lembra que os agentes públicos e políticos precisam fazer “uma política sadia”. “Isso é da política rasteira do Caiado, para quem quanto pior melhor. Já era de se esperar”, criticou. Para o deputado, se o governo pleiteia empréstimo, é porque está preparado para isso. “O governo tem margem para isso, como muitos estados não tem hoje”, assinala. Ele acredita que a ação do presidente do DEM é totalmente equivocada. “O senador quer prejudicar todo o estado, porque são recursos aplicados no Goiás na Frente, programa que dá uma força para os municípios”, cita.
Marlúcio disse que tal ato de “política baixa” não é característica de quem pensa o estado numa perspectiva de desenvolvimento. “Sou oposição em Aparecida, mas tudo que eu posso levar para lá eu levo, independente de partido”, exemplifica. “O povo não quer saber de cor partidária, e sim do benefício na porta dele”, lembra.