Dentre os mortos por Covid-19 no Brasil, 25% eram jovens e sem comorbidades
13 abril 2020 às 15h55

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Informações são de dados mais atualizados do Ministério da Saúde. Entre pessoas abaixo de 60 anos, os óbitos subiram de 11% para 25%. Já os que não possuíam comorbidades, letalidade cresceu de 15% para 26%, no final de março até 11 de abril

Em reforço à tese de especialistas de que o isolamento vertical não é eficaz para impedir a disseminação do novo coronavíurus no Brasil, a letalidade da doença em pessoas fora do grupo de risco aumentou entre o fim de março de o dia 11 de abril. Aqui, os mortos abaixo de 60 anos é cinco vezes maior que na Espanha, segundo país com mais vítimas da Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos.
Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, 22.169 pessoas foram infectadas pelo vírus no Brasil, dos quais, 1.223 chegaram a óbito. De acordo com o levantamento, os mortos com menos de 60 anos era 11% antes de 27 de março e subiu para 25% desde então. Dentre os que não apresentavam comorbidades, independente da idade, foi de 15% para 26%.
Apesar de grupos de empresários e políticos defenderem o isolamento vertical, em defesa de que a doença só seria perigosa para idosos e pessoas com doenças pré-existentes, o Ministério da Saúde segue firme na opinião de que não é o momento para afrouxar a quarentena.
“Se você tem um número cada vez maior de jovens e pessoas saudáveis morrendo da doença, não faz sentido falar em isolar grupo de risco. Não seria eficaz”, argumentou Jurandi Frutuoso, secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Já para Eliseu Alves Waldman, professor do Departamento de Epidemiologia da USP, em entrevista ao Jornal O Globo, a mudança do perfil de mortos está no fato de que a doença está cada vez mais disseminada nas periferias das grandes cidades, onde a população é mais vulnerável. Antes estava limitada à elite com melhor atendimento à saúde.
Com a doença expandindo onde as casas são pequenas e várias pessoas compartilham os mesmos dormitórios, o risco de mais mortos entre jovens sem comorbidades pode continuar a crescer, o que, no entanto, não extingue o fato de idosos e pessoas com imunidade comprometida por outras doenças corram menor risco.