Decreto de Iris abre brechas para especulação imobiliária no Jardim Botânico
03 outubro 2017 às 16h30

COMPARTILHAR
Vereadora Dra. Cristina (PSDB) propôs audiência pública para discutir ato que desapropria áreas na região sem especificar endereços afetados
A vereadora Dra. Cristina (PSDB) vai realizar, na próxima quinta-feira (5/10), uma audiência sobre o polêmico decreto de desapropriação de áreas próximas ao Jardim Botânico, editado pela gestão Iris Rezende (PMDB) no último dia 6 se setembro. A controvérsia em torno da medida do Paço se dá porque o texto, apesar de identificar que o motivo das desapropriações é o prolongamento da Marginal Botafogo, não indica os endereços afetados.
No decreto, estão apenas as ruas, sem quadra, número ou lote. São elas: margem direita do Córrego Botafogo: Rua 12 e Avenida Gercina Borges Teixeira, na Vila São João; Avenida Jorge Martins, na Vila Maria José; Rua L-03, no Conjunto Vila Isabel; Avenida Jardim Botânico e Avenida Botafogo, Setor Pedro Ludovico; Rua 12, Avenida Jamel Cecílio e Marginal Botafogo, no Jardim Goiás.
[relacionadas artigos=”106335″]
Só que algumas dessas, como a Avenida Botafogo, se estendem até a área da unidade de conservação. E mesmo que uma lei de 2013, de autoria do vereador Paulo Magalhães (PSD), estabeleça que prédios não podem ser construídos em um raio de 350 metros do Botânico, o decreto preocupa.
Para a vereadora Cristina Lopes (PSDB), o decreto abre sim brechas para a especulação. “A gente já conhece a forma como o Iris age, o envolvimento das gestões dele com o mercado imobiliário”, criticou ela. “Acho que tem que ser ocupado, mas tem que ter regra, qual a altura dos prédios, até onde pode chegar, se não vai virar um Parque Flamboyant II. Goiânia já errou muito em não proteger suas áreas de nascente”, lembrou.
Na opinião dela, o texto não é claro o bastante sobre as desapropriações e pode, futuramente, ser utilizado para justificar medidas semelhantes além do limite da 2ª Radial. Ela também critica o fato de a desapropriação ter sido determinada por decreto. Cristina inclusive adiantou que, dependendo do resultado da audiência pública, vai propor um decreto legislativo para anular esse documento e defender a tramitação de um projeto de lei específico na Câmara.

Outro ponto polêmico para a vereadora é a desapropriação em si. “Tem gente que mora ali há 20, 30 anos e vão ser jogadas para fora, conhecemos pessoas que demoram anos para receber. É bem complexo, paga o que quer, do jeito que quer”, ressaltou a vereadora.
Na Câmara, o próprio Paulo tentou minimizar a polêmica argumentando que não há chances de que esse decreto acabe beneficiando a especulação imobiliária na área. Segundo ele, o próprio ordenamento jurídico no município impede que a Marginal seja prolongada para além da Avenida 2ª Radial e, por isso, o Jardim Botânico não poderia ser afetado. Ele acrescentou ainda que algumas das áreas serão destinadas ao viaduto da Jamel Cecílio.
Apesar de não concordar que o decreto dê brechas para a verticalização nos arredores do Jardim Botânico, Paulo garante que irá lutar contra se essa possibilidade for realmente levantada. “Não vai acontecer. Tem que passar nesse Plenário e enquanto eu estiver vivo, não passa. A sociedade não aceita”, disse ele.