Cunha para trabalhos da Câmara até que Senado decida sobre impeachment
20 abril 2016 às 16h04

COMPARTILHAR
Presidente da Câmara dos Deputados informou que enquanto não for definido se Dilma será ou não afastada do cargo, nada será votado pelos deputados

Para tentar pressionar o Senado Federal a agilizar votação sobre aceitação do pedido de impeachment, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu que nada será votado na casa até a decisão dos colegas de Congresso. Segundo ele, a Câmara não reconhecerá Dilma como presidente, pelo menos até que o Senado opte pela rejeição do impeachment.
[relacionadas artigos=”64088″]
Segundo ele, a decisão não é pessoal. Cunha alegou que os líderes disseram que não votarão nada, a menos que seja para vetar, mesmo que a pauta seja colocada em votação. “Eu não disse que vou deixar de votar nada. A pauta está lá, vou estar presente e colocar em votação. Os partidos é que vão decidir o seu caminho”, esquivou-se.
Ele afirmou ainda que, como grande parte dos deputados voltou pela aceitação do pedido, não querem negociar com a presidente. “Do ponto de vista da leitura política, para a Câmara não tem governo, ficou um meio governo. Se a Câmara aprovou por 367 votos a autorização para o processo que implica no afastamento da presidente, não há nenhuma condição de negociar qualquer coisa ou analisar qualquer projeto do governo nesta Casa, a não ser para derrubar”.
“Para o País, uma postergação vai causar muitos prejuízos. Nesta semana não houve votações; na semana que vem, o governo não será reconhecido pela Casa — temos uma ainda presidente, e ninguém vai reconhecer absolutamente nada para efeito de matérias. Há uma paralisia do Congresso até o Senado decidir. É isso o que vai acontecer”, ameaçou o presidente.
Mesmo questionado se negativa da Câmara em avaliar matérias não seria um problema para o país, já que estão em pauta projetos importantes, Cunha manteve sua posição: “Mais uma razão para o Senado apreciar o impeachment o mais rapidamente possível”, ironizou.
Resposta
Colega de partido de Eduardo Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que a atitude da Câmara é um desfavor e pode agravar a crise. “Não são matérias de governo. São matérias para o país. A paralisação da Câmara não ajuda o Brasil”, criticou. “É muito ruim porque ninguém vai se beneficiar do agravamento da crise, do aumento do desemprego, do aumento da desesperança”, lamentou ele.
Assim como já tinha afirmado na sessão de leitura do pedido no Senado, na última terça-feira (19/4), Renan garantiu que não vai acelerar o processo e vai respeitar todos os prazos. “O Senado não pode atropelar prazos, nem deve fazer isso perante a História”, defendeu. Ao condenar a atitude de Cunha, o presidente também ressaltou que o Senado não deixou de trabalhar enquanto o processo estava em andamento na Câmara.