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“Crise, na verdade, faz com que o preço do petróleo não caia”, diz especialista

Foto: Divulgação/REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Reportagem da Folha de S. Paulo aponta que a atual crise política na Venezuela, apesar de influência internacional, tem pouco efeito sobre os preços dos combustíveis no Brasil. No último mês, a cotação do petróleo no mercado internacional chegou a escalar quase 10%, o que levou a Petrobras a reajustar o preço da gasolina três vezes nas refinarias. O último aumento, de 3,5%, ocorreu na segunda-feira, 29.

A escalada do petróleo é resultado da pressão de Donald Trump sobre os países que consomem óleo do Irã. O país está sob embargo desde novembro, mas os EUA ameaçam começar a punir os países que seguem comprando petróleo iraniano a partir deste mês.

Venezuela

Segundo Adriano Pires, diretor do Cbie (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a Venezuela produz atualmente cerca de um quarto do que já extraiu no passado, o que representa menos de 1 bilhão de barris/dia, em razão da falta de investimentos provocada pela instabilidade política.

A turbulência da ditadura de Nicolás Maduro já está refletida nas atuais cotações do petróleo, afirma Pires. A opinião é compartilhada por quadros técnicos do governo, que acompanham os acontecimentos na Venezuela e as cotações internacionais do petróleo. “A crise na Venezuela, na verdade, faz com que o preço do petróleo não caia”, disse Pires.

Brasil

Caso o regime mude de mãos e Maduro deixe o comando do país, o mais provável é que as cotações do petróleo caiam, acrescenta o analista, em razão da perspectiva de retorno de investimentos e maior produção.

Para o Brasil, isso poderia significar menor pressão para a Petrobras reajustar os preços nas refinarias, reduzindo o risco de greve de caminhoneiros. “O governo brasileiro é o único acionista de petroleira do mundo que acha ruim quando o petróleo sobe”, disse Pires.

Enquanto a crise política da Venezuela não tem um desfecho, a Petrobras tem um problema mais imediato à frente. Caso seja mantida a atual regra de reajuste para o diesel, a estatal deverá anunciar um novo aumento do combustível anunciar nos próximos dias.

Enquanto o preço do petróleo subia no mercado internacional, o dólar ficou praticamente estável no Brasil, o que não contribuiu para suavizar o aumento do combustível. “Se a Petrobras tem autonomia de fato, será inevitável o reajuste do preço do diesel e da gasolina nos próximos dias”, afirmou o especialista. (Com informações da Folha de S. Paulo)