A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado não assinou o requerimento que deu origem à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, que deve ser oficialmente instalada na próxima terça-feira, 4. O colegiado vai investigar a estruturação, expansão e funcionamento de facções criminosas e milícias em todo o país, com foco no Comando Vermelho (CV) e no Primeiro Comando da Capital (PCC).

O pedido, apresentado em 5 de fevereiro de 2025, contou com 31 assinaturas, número superior ao mínimo exigido pelo regimento do Senado. Nenhuma delas, porém, veio de parlamentares da bancada petista, composta por nove senadores: Rogério Carvalho, Beto Faro, Fabiano Contarato, Paulo Paim, Augusta Brito, Humberto Costa, Jaques Wagner, Randolfe Rodrigues e Teresa Leitão.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciou a criação do colegiado após uma megaoperação policial no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do estado, com mais de 120 mortos, entre suspeitos e policiais. O episódio reacendeu o debate sobre a atuação do crime organizado no país.

“Determinei a instalação da CPI do Crime Organizado para a próxima terça-feira (4), em entendimento com o senador Alessandro Vieira. É hora de enfrentar esses grupos criminosos com a união de todas as instituições do Estado brasileiro, assegurando a proteção da população diante da violência que ameaça o país”, afirmou Alcolumbre em nota oficial.

Assinaram o pedido de criação da CPI nomes de diversos partidos, incluindo Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sérgio Moro (União Brasil-PR), Alessandro Vieira (MDB-SE), Esperidião Amin (PP-SC), Damares Alves (Republicanos-DF), Tereza Cristina (PP-MS), Wilder Morais (PL-GO), Magno Malta (PL-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO).

A CPI terá 11 titulares e 7 suplentes, com prazo inicial de 180 dias para a conclusão dos trabalhos. A lista de indicados já inclui Flávio Bolsonaro, Sérgio Moro, Magno Malta, Otto Alencar (PSD-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), Jaques Wagner (PT-BA) e Jorge Kajuru (PSB-GO). Entre os suplentes estão Márcio Bittar (PL-AC), Eduardo Girão (Novo-CE) e Fabiano Contarato (PT-ES).

Após a instalação, a CPI deverá definir plano de trabalho, convocações e cronograma de diligências. A expectativa é de que a comissão concentre os primeiros esforços na investigação das fontes de financiamento e da infiltração do crime organizado em estruturas públicas, um tema que promete tensionar a relação entre governo e oposição nos próximos meses.

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