Casos de diabetes foram agravados com Covid-19, diz especialista

26 novembro 2022 às 10h06

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Diabetes têm acometido e vitimado milhares de pessoas. Trata-se de um problema mundial de saúde pública. No entanto, a pandemia de Covid-19 pode ter desencadeado e agravado mais o quadro da doença. Para se ter ideia, apenas no Brasil a alta foi de quase 27% no número de pacientes diabéticos nos últimos 10 anos, mostram os dados do Atlas do Diabetes.
Com esses números, o país se torna o sexto do mundo com a maior quantidade de pacientes com a doença. Atualmente, são cerca de 16 milhões de brasileiros diagnosticados, mas a previsão é que haja mais de 640 milhões até 2030. A estimativa é que 90% dos casos de diabetes no mundo são tipo 2.
O diabetes tem forte influência da genética, mas o sobrepeso e a obesidade são apontados como os principais motivos do crescimento de novos diagnósticos no mundo. Ao longo da pandemia de Covid-19, descobriu-se que a infecção pelo vírus se tornou um dos fatores do desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Endocrinologista do Hcor, Cristina Triches esclarece que a evolução da doença ocorre porque, em situações de infecção e/ou inflamação aguda, o organismo exige uma maior produção pancreática de insulina para manter os níveis normais de glicose no sangue. Isso pode piorar o controle glicêmico de pacientes diabéticos e causar hiperglicemia em pessoas previamente saudáveis.
“Ainda não sabemos se a Covid-19 precipitou o desenvolvimento do diabetes, se o vírus provocou lesões às células do pâncreas que levaram à hiperglicemia crônica ou se a doença foi causada pela resposta inflamatória sistêmica ao SARS-CoV-2”, pondera a especialista. Entretanto, estudos mostram que alguns pacientes sem histórico de diabetes passaram a apresentar uma alta taxa de glicose no sangue durante a infecção que persiste após a recuperação.
Tratamento
Apesar de ser tratado com medicamento, o paciente precisa ter bons hábitos para manter os níveis glicêmicos apropriados e prevenir as complicações. “Alimentação saudável, prática de exercício físico aeróbico por, pelo menos, 150 minutos por semana e manutenção do peso ideal fazem parte do tratamento de quem já foi diagnosticado com a doença, mas também são indicados à população geral para prevenir o diabetes”, ressalta Triches.
Exames e acompanhamento periódico dos níveis de glicose no sangue são recomendados a todas as pessoas. “Dependendo do nível, o diabetes pode não apresentar sinais. Por isso, solicitamos a dosagem de glicemia de jejum e a hemoglobina glicada (média glicêmica do paciente nos últimos 3 meses). Para fechar o diagnóstico, é necessário que, pelo menos, dois exames estejam alterados. Se for apenas um, este deverá ser repetido para confirmar”, explica a médica.