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Na última sexta-feira, a Suprema Corte dos Estados Unidos autorizou o corte de quase 2 bilhões de dólares em bolsas de pesquisa concedidas pelo National Institute of Health (Instituto Nacional de Saúde NIH). Agora, o NIH se junta a outras instituições científicas que sofrem cortes impostos por Donald Trump desde fevereiro. O orçamento proposto pela administração Trump para o ano fiscal de 2026 cortaria o financiamento geral da ciência em 22% e o financiamento da ciência básica em 34%.

A National Science Foundation (Fundação Nacional de Ciência, NSF), que financia pesquisas de base, concedeu neste ano US$ 1 bilhão a menos em subsídios para novas pesquisas do que sua média, e encerrou mais de 1.700 subsídios ativos para projetos existentes avaliados em cerca de US$ 1,4 bilhão. O número de pesquisadores em início de carreira que a instituição apoia pode cair 78% — de 95.700 alunos de graduação, pós-graduação e pós-doutorado neste ano fiscal para 21.400 em 2026. A Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental, EPA) é outra a sofrer com os cortes; a instituição já perdeu U$ 750 milhões.

Como resultado, cientistas têm buscado alternativas longe dos laboratórios americanos. A revista Science reportou que o número de candidaturas de pessoas com doutorado aumentou 20% na indústria, mas que o sertor dificilmente conseguirá absorver todos os doutores entrando no mercado de trabalho. Cientistas descreveram a situação à Science como “Um pesadelo”. “Tememos muito pelo futuro da ciência.”

Para os pesquisadores, outra alternativa é o êxodo em direção à China. Shan Liang, premiado cientista especializado em HIV/AIDS, era professor associado titular da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington (WashU Medicine), mas deixou os EUA para assumir um cargo de tempo integral em Shenzhen, centro de tecnologia e inovação do sul da China.

Shan Liang é o terceiro pesquisador sênior a migrar para a Shenzhen Medical Academy of Research and Translation (SMART) este ano, vindo de uma importante instituição americana. Em maio, a SMART anunciou que o neurocientista pioneiro Dan Yang, membro da Academia Nacional de Ciências dos EUA e da Academia Americana de Artes e Ciências, lideraria seu grupo de pesquisa sobre sono e consciência. Menos de um mês depois, Lu Wei, pesquisador sênior especializado nos mecanismos neurobiológicos do desenvolvimento sináptico e regulação funcional, deixou o NIH para ingressar na SMART, em meio a cortes drásticos impostos pela Casa Branca.