Os motoristas goianienses encararam uma série de transformações no trânsito da capital. Sob a gestão do prefeito Sandro Mabel, a Prefeitura de Goiânia implementou novidades que dividiram opiniões, desde a liberação de corredores de ônibus para motos à implantação da “Direita Livre” em alguns cruzamentos da capital. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o secretário da Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET), Tarcísio Abreu, fez um balanço deste primeiro ano de mudanças, revelando os bastidores das decisões e os planos que devem continuar remodelando a mobilidade urbana em 2026.

Logo de início, o secretário delineou a importância do programa de desobstrução das vias arteriais. Conforme explicou, o programa se objetiva em conferir mais fluidez e prioridade ao transporte público. ” “Foi feita uma avaliação da hierarquia viária, melhorias semafóricas, a questão dos estacionamentos, a questão das melhorias de geometrias, de vias que foram trabalhadas, retirada de obstáculos e intervenções”, detalhou Abreu.

Até o momento, a gestão entregou cinco corredores dentro deste programa. O objetivo é chegar a 300 quilômetros, sendo 36 corredores equipados com terceira faixa, “onda verde” e semáforos sincronizados e conectados.

Os resultados, segundo os dados apresentados, são:

  • Avenida Jamel Cecílio: ganho de 42% no tempo de deslocamento.
  • Avenida Castelo Branco (Mutirão): ganho de 34%.
  • Avenida 85: ganho de 34%.
  • Avenida 24 de Outubro: ganho de 19%.
  • Avenida Universitária: ganho de 24%.

“Todos os corredores apresentaram resultados positivos, o que demonstra que essa política vai trazer realmente resultados para a fluidez, para a segurança viária e para o melhor trânsito da cidade”, defendeu o secretário. O corredor mais recente inaugurado foi o da Avenida 85.

Quais são os próximos passos? 

Sobre as perspectivas para o próximo ano, Tarcísio Abreu afirma que a expansão do programa é inevitável. O próximo corredor a ser trabalhado, já autorizado e divulgado pelo prefeito Sandro Mabel, será o sistema binário da Avenida T-10 e Rua T-55.

O projeto segue o modelo já implantado: a T-10 se tornará uma via de mão única no sentido Sul-Norte, enquanto a T-55 terá o sentido inverso, Norte-Sul. “Você vai sair da 136, vai cruzar a Avenida 35, vai entrar na T-55. Essa via vai ser uma via que vai descer até a T-3, onde fica o Goiânia Shopping. A T-3 vai continuar seu sentido normal, só que ali vai passar por alguns ajustes. Acima da T-3, você vai subir em sentido único até a Avenida 35, usando a T-10”, explicou o gestor, antevendo benefícios para toda a região do Parque e das escolas no entorno.

Outro eixo altamente demandado, a Avenida Mangalô, na região Noroeste, também tem projeto pronto, mas sua execução foi postergada. “O que ficou definido é que nós vamos tratar desse corredor a partir de 2026”, afirmou Abreu, após reuniões do prefeito com comerciantes e vereadores da região.

A “revolução” da direita livre

Se os corredores são a base estrutural, a medida que mais impactou o dia a dia do motorista comum foi, sem dúvida, a implantação da “Direita Livre” nos sinais. Segundo o secretário, atualmente, Goiânia conta com mais de 100 cruzamentos adaptados com o novo sistema.

“Tem dado muito certo, as pessoas têm aprovado a questão da Direita Livre. Hoje, acho que um dos pontos mais elogiados por quem anda no trânsito é isso, que tem gerado muito mais fluidez”, avaliou.

No entanto, ele reconhece que a mudança de hábito no trânsito é um processo lento e que ainda encontra resistência. “Infelizmente ocorre [motorista sobre a Direita Livre. Isso é um processo cultural. A gente sabe que cultura, hábito, às vezes, levam um certo tempo para as pessoas se acostumarem”, comentou.

O problema, segundo ele, são motoristas que utilizam a faixa destinada à conversão livre para tentar avançar na fila e acabam parados, obstruindo o fluxo. “Precisamos continuar sempre com esse trabalho, é algo contínuo, de mudança realmente de cultura e de ato do nosso motorista”, ponderou, destacando campanhas de conscientização em andamento.

Semáforos inteligentes e o Centro de Controle

A sincronização e modernização dos semáforos, popularmente conhecida como “onda verde”, é outro destaque na série de mudanças. Tarcísio Abreu revelou que um diagnóstico realizado ainda no período de transição mostrou um parque semafórico defasado, com 864 equipamentos desatualizados e desconectados.

“Foi relatado primeiro a desatualização do material, a falta de tecnologia instalada hoje no nosso parque semafórico”, disse.

A meta agora é uma modernização completa. “O objetivo final é que a gente tenha um novo parque semafórico, que tenha nobreaks… que a gente tenha equipamentos com a melhor tecnologia e que ela trabalhe de forma automática, usando inteligência artificial, usando programações que sejam automáticas, de acordo com o fluxo de veículo na via”.

Até o momento, 17% do parque já foi modernizado, com ganhos que variam de 25% a 42% nos corredores atendidos.

Paralelamente, o Centro de Controle Operacional (CCO), lançado neste ano, tem se mostrado uma ferramenta essencial. “Com certeza trouxe ganhos reais, principalmente nessa questão do monitoramento”, afirmou Abreu.

O foco, segundo ele, não é a fiscalização punitiva, mas o monitoramento integrado para agir rapidamente em acidentes, semáforos inoperantes, buracos na via ou situações de segurança. “Tudo isso tem sido muito trabalhado e a população tem elogiado essa atuação da secretaria”, completou.

Outras frentes: estacionamento rotativo, metronização e mobilidade ativa

A administração também voltou sua atenção para outros gargalos históricos. Um novo programa de estacionamento rotativo está em fase final de elaboração. “Envolve várias situações porque é software de gestão, de fiscalização. São empresas que vão oferecer o serviço e que será todo digital”, adiantou o secretário.

A expectativa é disponibilizar cerca de 10 mil vagas em toda a cidade, com o objetivo de fomentar o comércio local.

Quanto a metronização – priorização semafórica para os ônibus do BRT – considerada a “princesa dos olhos de ouro” do prefeito, deve expandir seu alcance. Atualmente, ela está presente entre o Terminal Novo Mundo ao Terminal Praça da Bíblia (Leste-Oeste) e entre a Praça Cívica e o Terminal Isidória (Norte-Sul). O próximo passo será a implantação em trecho mais extenso do eixo Leste-Oeste, que corta o centro da cidade. “Será em 2026”, confirmou Abreu.

Já mobilidade ativa, que engloba ciclistas e pedestres, também está no radar, ainda que com projetos para o próximo ano. “Existem projetos para ciclovias, ciclorrotas, as bicicletas integradas ao transporte, mas são projetos para 2026. Nós ainda não temos esse projeto pronto, mas será anunciado pelo prefeito Sandro Mabel.”

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