Coronavírus: cientistas apontam que número de infectados no Brasil é quinze vezes maior

14 abril 2020 às 10h37

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País tem 313 mil casos, em vez de 23 mil anunciados pelo Ministério da Saúde, aponta estudo
Segundo estimativa apresentada pelo portal Covid-19 Brasil, que reúne cientistas e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB), entre outros centros de pesquisa do país, o número de casos de infecção pelo novo coronavírus no Brasil supera 313 mil pessoas.
Esse número é mais de 15 vezes maior que o divulgado pelo Ministério da Saúde naquela data (11 de abril), de 20.727. O país atualmente ocupa o 14° mais afetado, apesar de ser um dos países que menos testam no mundo.
Se o número de casos subnotificados projetado fosse considerado, os cientistas projetam que o Brasil seria o segundo do mundo, atrás somente dos EUA, que testam 8.866 pessoas por milhão, enquanto o Brasil faz 296 testes por milhão de habitantes.
Estudo
Para estimar o número de casos subnotificados de infecção por coronavírus no Brasil, os pesquisadores fizeram uma modelagem reversa para superar a colossal falta de dados sobre a doença no país devido à falta de testagem em massa.
Os cientistas usaram como base de cálculo o número de mortes notificadas. Embora estas também sejam subnotificadas, é o indicador mais consolidado no país, explicou o cientista Rodrigo Gaete.
Eles aplicaram a taxa de letalidade da Coreia do Sul e ajustaram os números à pirâmide etária do Brasil. A Coreia do Sul foi escolhida porque o país é um dos poucos com dados consolidados sobre testagem em massa desde os primeiros casos.
A modelagem numérica empregou ainda um ajuste no cálculo da letalidade proposto por cientistas chineses na revista Lancet e considerado o mais acurado. O ajuste foi feito para levar em conta o período entre o registro do óbito e a confirmação de caso. Se considerou para cálculo da taxa de letalidade a data em que a pessoa teria adoecido e não a em que morreu.
Com isso, para o cálculo, a data foi fixada em dez dias antes do registro, uma vez que os testes no Brasil têm sido realizados já em processo de agravamento da doença e não nos sintomas iniciais. No fim, a taxa de mortalidade real para o Brasil seria de 1,08%, muito menor que a de 5,7% registrada oficialmente. “O número de mortos ainda assim é enorme, e deve ser ainda maior, porque o número real de infectados é muito grande”, salienta Gaete. (Com informações de O Globo)