COP30 reforça protagonismo ambiental de Goiás, diz presidente da AEAGO
13 novembro 2025 às 17h19

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A realização da COP30, em Belém, reforça o protagonismo de Goiás no debate internacional sobre sustentabilidade e produção agropecuária de baixo carbono. Para o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Goiás (AEAGO), Fernando Barnabé, o estado chega ao evento com resultados concretos e com uma mensagem de que o produtor rural goiano produz com responsabilidade ambiental.
Em entrevista ao Jornal Opção, Barnabé afirma que a imagem do campo brasileiro tem sido distorcida no exterior, apesar de o país ser um dos que mais preservam vegetação nativa no mundo. “O produtor rural de Goiás produz dentro da sustentabilidade. A maioria preserva sua área ambiental. O Brasil é o país que mais protegeu suas matas entre todos que estão participando da COP”, destaca.
Ele lembra que o embaixador brasileiro na conferência, o ex-ministro Roberto Rodrigues, tem papel essencial em apresentar essa realidade. “Estamos muito bem representados. Ele está lá mostrando o compromisso do setor produtivo com a preservação das florestas e o aumento da produtividade sem derrubar nenhuma árvore”, afirma.
Barnabé reforça que a expansão agropecuária do futuro passa por recuperação de áreas degradadas, não por supressão de vegetação nativa. “Temos um Cerrado bem preservado. Produzindo nessas áreas degradadas, dobramos a produção de alimentos sem desmatar nada. O desafio técnico é esse e estamos preparados.”
O presidente da AEAGO diz ver com entusiasmo programas como Cerrado em Pé e Goiás Carbono Neutro, que remuneram a preservação e estimulam práticas sustentáveis no campo. Ele, porém, avalia que o Brasil ainda patina na parte burocrática que permitiria que produtores comercializem créditos de carbono com segurança jurídica.
“Somos parceiros desses programas. Eles vão na direção do que pensamos. O que falta é que isso realmente saia do papel, especialmente na COP, com a desburocratização da venda de créditos de carbono. O produtor rural preserva e retém muito carbono, mas o mundo precisa facilitar esse processo”, afirma.
Barnabé lembra que o novo Código Florestal criou oportunidades reais de renda para produtores, mas a implementação é lenta. “Precisamos de agilidade para que o produtor possa lucrar com essa preservação.”
Questionado sobre qual é o principal gargalo do agronegócio goiano para avançar no mercado verde, Barnabé afirmou ser o Cadastro Ambiental Rural (CAR). “Hoje, o maior problema é o CAR. A média nacional de CAR processado é de apenas 5% a 8%. Isso é gravíssimo”, afirma.
Segundo ele, a falta de análise dos cadastros impede produtores de comprovar regularidade ambiental, condição necessária para acessar mercados, financiamentos rurais e créditos de carbono. “Criaram uma regra, uma imposição. Nós técnicos fazemos os CARs, mas eles não são processados. O Estado brasileiro, e também o Estado de Goiás, precisam entender isso.”
A COP30 ocorre num momento em que o estado registra resultados expressivos na redução do desmatamento, na qualificação da produção e na expansão de programas de preservação. Para Barnabé, esse cenário coloca Goiás como um “case” nacional.
“Goiás tem mostrado que é possível produzir e preservar. Estamos alimentando o Brasil e parte do mundo, e fazemos isso com responsabilidade ambiental. O Cerrado é o berço das águas do país — e nós sabemos da importância de preservá-lo.”
Ele reforça que a AEAGO acompanhará o evento para traduzir os compromissos firmados em ações práticas. “Vamos caminhar ao lado do produtor. Nosso papel é garantir sustentabilidade, produtividade e renda.”
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